QuickMenu Save Document  

QUALIDADE DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

Potencial Hídrico Subterrâneo de Rio Claro

Caracterizando o comportamento geológico, pode-se delimitar na área 04 (quatro) sistemas de aquífero: Aquífero Tubarão, Passa Dois, Diabásio e Cenozóico. Rio Claro se utiliza de vários poços profundos (cujas águas são distribuídas a loteamentos e a pequenas áreas bem definidas, algumas indústrias, clubes, pessoas físicas) estando alguns poços abandonados, mesmo sendo monitorados pelo DAEE (Departamento Autônomo de Água e Esgoto).

  • Os sedimentos do aquífero Tubarão encontram-se cortados em diversos pontos por intrusões de diabásio que localmente, ou mesmo regionalmente, interrompem a sua continuidade, e é recoberto, em grandes áreas, por pequena camada de sedimentos Cenozóicos.

O armazenamento e a circulação da água subterrânea ocorre através dos interstícios dos grãos dos sedimentos clásticos grosseiros, os quais estão intercalados com camadas de sedimentos finos impermeáveis, os quais dificultam o escoamento da água no sentido vertical, caracterizando uma situação de anisotropia (permeabilidades verticais inferiores às horizontais). A alternância em área de sedimentos grosseiros e finos, com espessuras variadas, condiciona a heterogeneidade do armazenamento e a circulação de água.

O solo onde se encontra este tipo de sistema é do tipo; latossolo, com grande permeabilidade ao longo do perfil, bastante erodível (pouca coesão); e litossolo, com pequena capacidade de retenção de água, saturação baixa, mas, apresenta-se poroso.

A espessura saturada desse aquífero apresenta uma variação que vai do zero até 1.3000 metros, com valor médio da ordem de 400 metros, podendo também ser atingido em perfurações com profundidades em torno de 200 metros. Essa formação geológica está submetida a uma pressão superior à atmosférica, sendo definida como aquífero combinado.

  • Os sedimentos do Grupo Passa Dois, pelas suas características litológicas, podem assumir regionalmente as características de aquiclude, embora, localmente, posam apresentar zonas aquíferas representadas principalmente pelos bancos de calcário e por zonas de rochas lamíticas fissuradas.

Os litótipos argilosos-siltosos (impermeáveis) não são bons armazenadores, nem fornecedores de água. Ocorrem numa altitude de 540-600m, com a profundidade em torno de 100 a 200m. O nível da água subterrânea encontra-se entre 1 a 2 metros porque o substrato rochoso de Rio Claro é representado pelo siltitos da Formação Corumbataí.

Os tipos de solos formadores desse sistema são: latossolo e podzólico (com horizontes superficial arenoso permeável; e o subsuperficial argiloso impermeável, onde a erodibilidade é grande, a saturação é baixa e o teor de alumínio alto).

  • O aquífero Diabásio ocorre de forma dispersa na área da bacia sedimentar. As zonas aquíferas estão associadas aos sistemas de fraturamentos existentes nesses corpos de diabásio, caracterizando-se como descontínuos e heterogêneos. Encontra-se a uma atitude topográfica de 700-860m, com nível do lençol de água subterrânea a uma profundidade de 3 a 9 metros. A profundidade de um poço captado nesse sistema é de 100 a 200 metros.

O solo nesse sistema aquífero é o latossolo roxo, que possui maior capacidade de armazenamento e é susceptível à erosão.

  • O sistema Cenozóico consiste num aquífero submetido unicamente à ação da pressão atmosférica (aquífero freático ou livre) apresentando-se pouco profundo. É constituído pelos materiais inconsolidados de cobertura da Formação Rio Claro e limitado na base pelos sedimentos impermeáveis da Formação Corumbataí e pelos depósitos aluvionais.

A profundidade do nível d’água posiciona o lençol freático entre 3 e 9 metros e, em algumas situações, chega a atingir 11 metros. Os tipos de solos são: latossolo, podzólico e hidromórficos.

  • As águas subsuperficiais, que correspondem à água da zona de aeração, fazem parte do sistema hidrogeológico da área. Essas águas constituem o lençol freático cujo afloramento origina, os pequenos córregos tributários da bacia do Corumbataí, portanto está ligada à eficacidade indireta das chuvas no escoamento superficial.

As nascentes e as fontes, pelo fato de fluírem naturalmente, e por consideração à época das chuvas, ou à estação seca, participam do balanço hídrico constituindo um lençol freático para poços comuns (cacimba).

1 – Análise dos Poços existentes no município de Rio Claro

Segundo dados do IBGE (Censo demográfico de 1991) o município possui 1.035 poços ou nascentes com canalização interna e113 sem canalização interna. Segundo dados do Departamento de Água e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (DAEE), o município possui 32 poços cadastrados e catalogados. E para o Departamento de Autônomo de Água e Energia (DAAE) de Rio Claro, existem 77 poços sem cadastro, possuindo somente análises químicas. Dentre os poços profundos controlados pelo DAAE destacam-se os seguintes:

Tabela 1 – Poços profundos controlados pelo DAAE.RC.

LOCAL

BAIRRO

COTA

(m)

NÍVEL ESTÁTICO

(m)

NÍVEL DINÂMICO

(m)

VAZÃO

(m3/h)

JD Wenzel

545,76

70.00

105

10.0

JD Nova Rio Claro

536,47

2.00

130

13.2

JD Novo 1

555,28

3.50

41

29.0

JD Novo 2

554,68

4.50

35

36.0

Resid. V. Rica

595,22

70.00

105

10.0

 

Após a pesquisa junto às principais companhias especializadas do ramo, e do levantamento de campo, foram cadastrados 126 poços profundos e rasos.

 

Os poços foram perfurados desde a década de 40, tendo seu pico na década de setenta e estão distribuídos de forma heterogênea por toda a região. Observa-se uma concentração maior junto à cidade, 05 (cinco) poços encontram-se na sub-bacia do Rio das Cabeça, 54 na sub-bacia do Rio Corumbataí e 15 na sub-bacia do Ribeirão Claro. A profundidade dos poços é bastante variável, existindo poços com profundidade inferior a 11 metros ou superior a 400 metros, como indica o Gráfico 1.

 

Gráfico 1 – Profundidade e número de poços existentes no município de Rio Claro, nas décadas de 40 a 90 (Gráfico 05 pág. 47)

 

Os poços estão distribuídos pelas 04 unidades aquíferas, de forma irregular e conforme os dados obtidos, como podemos observar na Tabela 2.

Tabela 2 – Distribuição dos poços por aquífero.

 

Sistema

Unidade Aquífera

Nº de Poços

Tubarão

Aquífero confinado

16

Passa Dois

Aquiclude

9

Diabásio

Aquífero fissurado

1

Cenozóico

Aquífero livre

3

A Tabela 3 representa as variações das vazões versus uso.

Tabela 3 – Consumo segundo uso da água subterrânea do Município de Rio Claro, referente aos anos de 1958 a 1982.

USO

LOCAL

VAZÃO m3/h

Abastecimento Público

Jardim Novo 1

36,0

Jardim Novo 2

29,0

Residencial Vila Rica

10,0

Assistência

13,2

Ferraz 1

0,6

Ferraz 2

0,6

Jardim Nova Rio Claro

13,2

Particular Consumo Animal

Agroceres

7,0

Fricock 1

10,0

Fricock 2

30,0

Particular Doméstico Sanitário

Chácara Scarpa

7,0

Seminário Claret

8,8

PCA/PDS

Granja Sônia

20,0

Granja Água Branca

8,0

Granja Eveliz

12,0

Granja Santo Antônio

3,0

Industrial

Usina da CESP

10,0

Indústria Matarazzo

12,0

Vila Velha

8,0

Panorama

1,5

Cervejaria Caracú

7,0

Cervejaria Caracú

7,0

Cervejaria Caracú

4,0

Cervejaria Caracú

9,0

Recreação

Clube de Campo

14,0

Sociedade Recreativa/Fepasa

zero

Irrigação

Sítio Santa Cândida

9,0

Não Usado

Sítio Bela Vista

6,5

Usina CESP

zero

Quimanil

20,0

Irmãos Casonato

12,0

Granja Ipê

2,6

Estação Camacuã

0,3

Particular Múltiplo

Cerâmica Cristofoletti

12,0

2 – Vulnerabilidade para Água Subterrânea de Rio Claro

A metodologia utilizada segue os seguintes limites para o índice de vulnerabilidade: A - 0,00 – 0,20 a vulnerabilidade é baixa; B - 0,21 – 0,40 a vulnerabilidade é baixa – média; C - de 0,41 – 0.60, média; D - 0,61 – 0,80 vulnerabilidade média – alta, E - solo com altos; F de 0,81 –1,00 vulnerabilidade alta.

Com a descrição geoambiental da vulnerabilidade para água subterrânea no Município de Rio Claro tem-se:

  1. Fora do perímetro urbano, próximo a olarias a NW da Cidade de Rio Claro, onde a topografia é de 560 – 700 m, em terrenos da Formação Corumbataí, constituído por siltitos e arenitos muito finos, com níveis locais de calcários oolíticos, possuindo solo residual siltítico-arenoso marrom acinzentado, com espessura máxima de 1,5 metros (de uma espessura regional de 50 m), a água subterrânea encontra-se numa profundidade de 1 – 2 metros, apresentando uma vulnerabilidade média – alta (Sub-bacia do Rio Corumbataí);
  2. Ainda fora do perímetro urbano, próximo ao distrito industrial, em terrenos da Formação Rio Claro, com espessura em torno de 30 metros, onde ocorre arenitos inconsolidados finos a médio, amarelos, com níveis localizados de conglomerados e argilitos, na cota 560 – 620 m onde a água subterrânea encontra-se numa profundidade de 3 – 26 metros, apresenta uma vulnerabilidade baixa - média (Sub-bacia do Rio Corumbataí);
  3. Na margem esquerda dos depósitos aluvionais do Ribeirão Jacutinga, Córrego das Araras e no Córrego Gordinho (afluentes do Rio Corumbataí), as areias com níveis conglomeráticos na base, com lentes de material argila-arenoso cinza claro e com lentes de turva negra, situado na altitude de 540 – 590 m, a água subterrânea é encontrada próxima à superfície em torno de 0 – 3 metros, e apresenta uma vulnerabilidade alta (Sub-bacia do Rio Corumbataí);
  4. Na margem direita do Rio Corumbataí, onde as cotas atingem 540 – 600 m, em terrenos de várzea com declividade de 0 a 5%, ora associado a material arenoso, não plástico, de porosidade forte, cor amarela, profundidade em torno de 1,80 metros, sobre material siltoso plástico, pouco pegajoso, porosidade fina, cor cinza, ora associado a material argiloso a silto-argiloso, plástico, muito pegajoso, porosidade fina, cor branca amarelada, com a profundidade de 24 metros, sobre material argiloso, muito plástico, pegajoso cor cinza preto, apresenta uma vulnerabilidade no limite média – alta a alta (0,61 – 1,00) (Sub-bacia do Rio Corumbataí);
  5. As rochas intrusivas básicas, onde a cota atinge 560 – 700 m, associado a diques de diabásio, com solo residual argiloso vermelho escuro, de espessura de 2,5 metros, a água subterrânea é encontrada a uma profundidade 3 – 9 metros, e o índice de vulnerabilidade indicado é média (0,41 – 0,60) (Sub-bacia do Ribeirão Claro);
  6. Dentro do perímetro urbano, próximo a lagoa Cherveson, encontra-se encostas convexa, geralmente de declividade de 10 a 20%, onde a corta é de 560 – 620, material associado à formação superficial areno-argilosa (com profundidade de 50 cm) vermelho-amarelo, sobre material alterado da Formação Rio Claro, apresenta vulnerabilidade alta (0,81 – 1,00) (Sub-bacia do Rio Corumbataí);
  7. Na encosta convexa o material da formação argilosa, plástica, de cor bruna mosqueada de vermelho (profundidade de 21 cm), encontra-se sobre o siltito da Formação Corumbataí, nas cotas 560 – 700, onde a água subterrânea está próximo a superfície entre 1 – 2 metros, a vulnerabilidade é média – alta (0,61 – 0,80) (Sub-bacia do Rio Corumbataí);
  8. Ainda próximo a lagoa Cherveson, observa-se uma rampa côncava com declividade de 10 a 20%, associado a material areno-argiloso, pouco plástico, pegajoso, muito poroso, de cor bruna avermelhada (profundidade 1,5 metros), com base a Formação Rio Claro e sob Formação Corumbataí, apresenta vulnerabilidade baixa (0,00 – 0,20) (Sub-bacia do Rio Corumbataí);
  9. No perfil longitudinal da cota 590 – 660, saindo do distrito industrial, passando pela voçoroca da Mãe Preta, cervejaria Mãe Preta, Córrego Mãe Preta até Condomínio Águas Claras, atravessa-se terrenos pertencentes a Formação Corumbataí, Rio Claro e Aluvionar. Existe área de preservação (várzeas, matas ciliares, matas de cerrados) e áreas de recuperação (matas ciliares, voçoroca da Mãe Preta e a voçoroca da rua 6A), a vulnerabilidade varia de média a alta (0,21 – 1,00) (Sub-bacia do Ribeirão Claro);
  10. Outro perfil na cota 590 – 660, sentido oeste a leste, observamos vegetação de cerrado, Córrego Cachoeirinha e área agrícola (plantio de cana-de-açúcar), passando por área de preservação (várzeas, matas ciliares, matas de cerrados) e terrenos da Formações Corumbataí, Rio Claro e Aluvionar, a vulnerabilidade também é expressa como média – alta (Sub-bacia do Ribeirão Claro);
  11. A norte onde a cota 660 – 700, poços no distrito de Ajapi, com o nível d’água encontrado em 15 metros, passa por arenito fino a médio, siltito bastante arenoso, sill de diabásio fissurado, arenito e argilito. O índice de vulnerabilidade é baixo – médio (0,21 – 0,40) (Sub-bacia do Ribeirão Claro);
  12. Na porção noroeste do município, no distrito de Itapé, onde o solo é susceptível à erosão, na cota 600 – 700, ocorrem arenitos finos pertencentes a Formação Pirambóia, e a vulnerabilidade é dada como média – alta (0,61 – 0,80) (Sub-bacia do Rio Cabeça);
  13. No perímetro rural da cidade de Rio Claro, próximo ao Distrito de Assistência, em um poço na cota 600, que possui o nível dinâmico em 107 metros, encontra-se material do tipo solo de alteração arenosa, arenito da Formação Rio Claro, siltito cinza arroxeado, diabásio fissurado, intercalações de folhelhos/margas/calcário e argilitos arenosos, a vulnerabilidade é dada como média (Sub-bacia do Rio Corumbataí);
  14. Dentro do perímetro urbano, poço na cota 560, com o nível dinâmico na ordem de 40 metros, passa por solo castanho escuro, areia amarela, argila mole, argilito avermelhado da alteração do diabásio, diabásio cinza escuro, folhelhos, arenitos e lamitos diamictitos, possui a vulnerabilidade em torno de 0,61 – 0,80 (Sub-bacia do Rio Corumbataí).

Ainda não existem informações suficientes e/ou dados adequados para alcançar uma avaliação ideal do grau de vulnerabilidade para a água subterrânea de Rio Claro. Os componentes de vulnerabilidade definidos acima não são totalmente mensuráveis, mas, partiram da combinação de diversos fatores (tipo de ocorrência da água subterrânea; das características litológicas e pedológicas; e a profundidade do nível freático).

3 – Caracterização das Fontes de Poluição Potencial Pontual

A qualidade das águas subterrâneas, assim, como das superficiais, é reflexo não apenas dos processos naturais, como também das contradições da sociedade, das formas de apropriação e exploração do espaço.

Mundialmente é fato comum a localização de centros urbanos e/ou industriais em margens ou nas proximidades de rios que adquirem a dupla função de fonte de abastecimento de água e de sítio de deposição de rejeitos. Outra característica também claramente perceptível consiste no acondicionamento ou na simples deposição superficial/subterrânea de resíduos no solo e estes, ao poluírem a água subterrânea, influenciam diretamente na qualidade de vida.

Não obstante, poços mal construídos operando e/ou abandonados, atividades de mineração, disposição de forma inadequada (no solo e/ou subsolo) de rejeitos (líquidos ou sólidos) de origem doméstica e industrial, uso exagerado de insumos agrícolas, pedreiras em funcionamento ou abandonadas, instalações de cemitérios, hospitais, postos de gasolina, entre outros, constituem importantes focos de poluição e/ou contaminação das águas subterrâneas.

O Código das Águas, Art. 1º ao Art. 8º, classifica as águas em: Águas Públicas de uso comum ou dominicais, e Águas particulares (foram utilizados os princípios de flutuabilidade de perenidade). Segundo o CONAMA, por Resolução de nº 020 de 15/06/1986, as águas destinadas ao consumo popular classificam-se em função do tratamento que requerem, conforme mostra a Tabela 4. A Tabela 5 representa as principais fontes poluidoras e/ou contaminadoras de Rio Claro.

Tabela 4 – Águas doces e tratamento requerido.

CLASSIFICAÇÃO

TRATAMENTO

Classe Especial

Desinfeção

Classe 01

Tratamento Simplificado

Classe 02

Tratamento Convencional

Classe 03

Tratamento Convencional

Classe 04

Outros usos

 

Tabela 5 – Fonte de poluição do Município de Rio Claro.

Ramo industrial

Bebidas, alimentícias, químicas, plásticas, fibras/resinas, papel, metal-mecânicas, cerâmica e serraria.

Resíduos sólidos

Aterros sanitários (domésticos e industriais) e lixões.

Rede de esgoto

Esgotos sanitários (domésticos e industriais).

Resíduos líquidos agro-industrial

Vinhaça

Mineração

Ganga-calcária, extração de argila e brita.

A água subterrânea do Município de Rio Claro é discutida a partir de 14 providências. São fontes potenciais de poluição e todos os pontos de origem de substâncias que, percorrendo diversos caminhos, podem atingir as águas subterrâneas, alterando sua qualidade. Essa contaminação pode se dar durante o armazenamento, a estocagem, o transporte e a distribuição do produto poluente, ou ainda por ocorrência natural.

3.1. Provenientes de Poços

Qualquer obra, sistema, processo, artefato ou combinação deles, empregados pelo Homem como fim principal ou incidental de extrair águas subterrâneas é definido como obra de captação – poço.

A construção de poços sem conhecimento prévio das características intrínsecas das estruturas geológicas, hidrogeológicas e das condições de ocupação e uso do solo, pode causar mudanças no equilíbrio hídrico subterrâneo. Sem esquecer que os poços mal conservados ou abandonados são fontes potenciais de poluição, pois facilitam o acesso de águas pluviais, águas de má qualidade, resíduos e efluentes perigosos.

Dentre as deficiências técnicas na construção dos poços pode-se destacar: falta de cimentação (selo de vedação ou sanitário), laje de proteção e tampa.

O regulamento da Lei nº 6.134, que foi publicado no Plano Estadual de Recursos Hídricos, estabelece programas para um disciplinamento dos laudos físico, químico e bacteriológico da água subterrânea e das perfurações de poços tubulares profundos, com o objetivo de desenvolver o cadastramento de poços e dispor de meios efetivos de controle da exploração e proteção dos recursos hídricos subterrâneos.

Quanto ao estado geral desses poços podemos dizer que 75 poços (perfaz um percentual de 59,5%) encontram-se sem informações; 23 (18,2%)em estado de completo abandono; 19 poços (15%) são equipado; 05 (3,9%) são não equipado mais, utilizáveis; e 04 poços (3,1%) não equipado. A Tabela 6, mostra o número de poços abandonados, desativados e lacrados em Rio Claro.

Tabela 6 – Estado dos poços do Município de Rio Claro nas três sub-bacias.

POÇOS

ESTADO

PROFUNDIDADE (m)

Jardim Novo 1

Abandonado

260,00

Jardim Novo 2

Abandonado

95,00

Agroceres (SP-127)

Desativado

201,00

Usina de Metal da CESP

Desativado

150,00

Usina de Metal da CESP

Desativado

151,00

Cervejaria Mãe Preta

Abandonado

----

Vila Velha

Desativado

227,00

Granja Ipê (Ajapi)

Desativado

340,00

Granja Ipê (Ajapi)

Desativado

150,00

Estação Camacuã

Abandonado

246,00

Ajapi (Prefeitura)

Lacrado

400,00

EEPGA (Batovi)

Abandonado

14,00

Centro Comunitário (Batovi)

Abandonado

14,00

Gurgel

Abandonado

----

Itapé (Prefeitura)

Abandonado

----

Granja Sadia (Ajapi)

Desativado

----

Cervejaria Caracú

Abandonado

210,00

Cervejaria Caracú

Abandonado

210,00

Cervejaria Caracú

Abandonado

205,00

Cervejaria Caracú

Abandonado

210,00

Quimanil

Abandonado

203,00

Pátio da Oficina da FEPASA

Abandonado

60,00

Assistência (Prefeitura)

Desativado

320,00

3.2. Provenientes de Processos de Mineração

No município de Rio Claro existem importantes jazidas de calcário, além de diversas olarias, cerâmicas e portos de areia. As olarias existentes localizam-se ao longo das margens do Rio Corumbataí e seus afluentes, causando sérios problemas, como, por exemplo, a não preservação de nascentes e cursos d‘água existente.

Na área próxima a Batovi as olarias exploram argilas vermelhas da Formação Corumbataí para produção de tijolos e telhas, lavra é feita a céu aberto. Em Assistência, existem algumas pedreiras de calcário silicificado e folhelhos, extraídos da Formação Irati, onde o banco é explorado de 3 a 4 metros, com rejeitos modificando a paisagem e o fundo do vale assoreado.

As areias na área são exploradas principalmente na Sub-Bacia do Rio Corumbataí. Atualmente a produção de areia diminui devido à cultura da cana-de-açúcar e às substituições de campos agrícolas em pastagens.

3.3. De Proveniência Urbana

Segundo a Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental (CETESB, 1980), aterro sanitário é definido como processo utilizado para a disposição de resíduos sólidos no solo. Os critérios de engenharia e normas operacionais específicas permitem uma configuração segura em termos de controle e proteção ao meio ambiente.

A poluição/contaminação das águas superficiais e subterrâneas pela ação do chorume, provoca depressão do nível de oxigênio elevando a DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio). Quando o oxigênio dissolvido desaparece ou é reduzido a níveis baixos, os organismos aeróbios cedem lugar aos anaeróbios, responsáveis pelo desprendimento de gases como CH4 e NH3, sendo este último capaz de reduzir a atividade do ciclo ácido cítrico do cérebro.

Por se tratarem de matéria orgânica, os resíduos sólidos domésticos, ao contaminarem as águas, se transformam em nitratos e podem conter sais e organismos transmissores das chamadas enfermidades de origem hídrica: diarréia, tifo, cólera, amebíase, esquistossomose, etc.

Três fatores hidrogeológicos controlam o movimento dos lixiviados para ou através do aquífero:

a) Condutividade hidráulica ou permeabilidade dos próprios resíduos e do terreno natural circundante;

b) Posição do aterro sanitário em relação ao nível de ocorrência das águas subterrâneas;

c) Interação geoquímica dos lixiviados e do meio poroso através do qual eles se propagam.

Embora seja difícil quantificar a relação entre a permeabilidade do terreno e o movimento dos elementos contaminantes , pode prever-se o seguinte comportamento:

I) Para terrenos com permeabilidade £ 10-6 cm/s, a concentração dos sólidos dissolvidos na água subterrânea escoando de uma lixeira reduz-se geralmente a níveis aceitáveis;

II) Para terrenos com permeabilidade ³ 10-2 cm/s, concentrações significativas de elementos contaminantes podem ser transportadas pelo fluxo de água subterrânea até centenas de metros do aterro sanitário.

O sistema de percolação de água subterrânea na área de localização do aterro sanitário é frequentemente o fator que condiciona mais migração do lixiviado, constituindo assim um aspecto crítico.

Nas regiões de elevada pluviosidade, a recarga dos aquíferos ocorre na maior parte dos terrenos, estando a descarga dos aquíferos limitados às linhas de água ou lagos. Nas áreas de descarga o escoamento subterrâneo que veicula a transmissão de lixiviados é usualmente mais curto, sendo a zona de descarga dos lixiviados fácil de prever e de confirmar.

A Tabela 7 mostra os componentes e a quantidade em kg da produção diária de lixo, para a cidade de Rio Claro.

Tabela 7 – Produção total diária de lixo, para a cidade Rio Claro.

COMPONENTES

QUANTIDADE EM KG

Papel

4.470

Panos

480

Vidros

1.080

Latas e metais

1.110

Ossos

108

Materiais para fermentação

14.130

3.4. De Proveniência Industrial

Muitos segmentos industriais utilizam pouca ou nenhuma água em seus processos. Outros, como setores de bebidas, indústrias químicas, de papel e celulose e sucro-alcoleiro, necessitam de grandes quantidades de águas. Situam-se geralmente próximos a rios ou poços profundos que os abastecem.

 

Os rejeitos sólidos industriais, na sua maioria, não sofrem nenhum controle por parte dos órgãos de controle de poluição. As indústrias que não estão adequadas ao meio contribuem para a poluição das águas subterrâneas com: Demanda Química de Oxigênio (DQO), Cianetos (CN), Cloretos (Cl), Metais Pesados, Cromo (Cr), Nitrogênio (N), Fósforo (P), entre outros que, mesmo em pequenas quantidades, podem ser altamente tóxicos. Para se avaliar os riscos de contaminação das indústrias, deve-se analisar individualmente cada caso, sendo importante os dados litológicos, profundidade do lençol freático e direção do fluxo.

 

Os rejeitos industriais são dispostos em lagoas/tanques de decantação/decaimento anaeróbio e/ou aeróbio, aplicação direta nos solos, injeção em poços tubulares, profundos, descarga diluída na rede de drenagem superficial, em aterros industriais ou simplesmente em lixões a céu aberto. Estima-se que 60 a 70% do lixo industrial produzido não dispõe de um sistema especial de coleta. As características substanciais de dado à saúde e ao meio ambiente, em particular às águas subterrâneas, devem ser levantadas, considerando-se as peculiaridades inerentes a cada processo industrial utilizado, bem como o manejo e destino dos resíduos produzidos.

3.5. De Proveniência da Agrícola

As práticas agrícolas atuais apresentam-se como potencialmente poluidoras devido às formas mecanizadas de manejo do solo, à aplicação intensiva e prolongada em extensas áreas de fertilizantes inorgânicos, assim como uso de agrotóxicos.

 

As substâncias utilizadas percolam junto com a água superficial, fazendo com que a rede de drenagem receba diretamente as cargas poluidoras, porém, é a retenção e persistência destes produtos no solo que demanda maiores atenções do ponto de vista de problemas de poluição/contaminação das águas subterrâneas.

 

O nitrato é o principal poluente das águas subterrâneas das zonas rurais, provenientes em grandes escala da lixiviação de fertilizantes (orgânicos e inorgânicos) aplicados no solo. As concentrações de sulfatos e cloretos podem também aumentar pelo uso de fertilizantes a base de sulfatos de amônia e de cloreto der potássio.

 

Os despejos advindos da agricultura provém de fertilizantes e pesticidas para combater ervas daninhas, caracóis, vermes, roedores, lagartas, gafanhotos, carrapatos de gado etc... São utilizados herbicidas, molusquicidas, nematicidas, raticidas, fungicidas, inseticidas, acaricida.

 

A pecuária contribui com despejo de uma grande quantidade de detritos orgânicos de origem animal. Os detritos são lançados ao esgoto e alcançam as águas superficiais e subterrâneas. As substâncias nocivas introduzidas nas águas com o estrume são sobretudo gás sulfúrico (H2S), amônia (NH3) e substâncias orgânicas.

 

A amônia, por ser muito solúvel em água, irrita inicialmente o tecido conjuntivo dos olhos e das vias respiratórias. No caso de uma quantidade maior de amônia atingir as vias sanguíneas, ocorrem lesões nas células nervosas e sanguíneas, podendo ocorrer ação fatal sobre os animais e o próprio homem. Ao lado dos detritos animais, deve-se considerar os problemas do armazenamento de forragens, o qual afeta águas superficiais e subterrâneas.

 

As forragens são empilhadas em silos de diferentes tipos e submetidas a um processo de fermentação em ausência de ar. Neste processo, formam-se ácidos que conservam o alimento e, durante os 20 dias de armazenamento, há liberação de líquidos em considerável quantidade.

3.6. Proveniente de Instalação de Cemitérios

As instalações de cemitérios têm merecido destaque nas polêmicas que se desenvolvem sobre a contaminação das águas subterrâneas. O corpo humano é composto por 2/3 de água e 1/3 por substâncias orgânicas e minerais. Após a morte, segue-se um período gasoso, onde são desprendidos do cadáver, já em vias de decomposição, gases como o metano, mercaptanas, dióxido de carbono e gás sulfídrico.

 

Concomitantemente, o corpo passa a liberar efluentes líquidos (Necrochorume), à razão de 0,60 L/kg de maneira interminente, perfazendo uma média de 40 litros para um corpo com massa média de 70 kg.

 

A profundidade das covas deve ser de 1,50 – 2,00 m, sendo todas impermeabilizadas por argila; a espessura de recobrimento das mesmas deve ser de 50 – 60 cm de argila bem compactada. E a distância das residências para o cemitério deve ser de, no mínimo, 35 m para que não haja contaminação nas obras de captação.

3.7. Proveniente dos Hospitais

Os hospitais não apresentariam problemas de contaminação da água subterrânea, se os lixos hospitalares fossem transferidos para locais apropriados.

3.8. Proveniente dos Postos de Gasolina

Os tanques para armazenamento de gasolina e diesel estão diretamente em contato com o solo ou nível freático, geralmente em buracos de 3 m de profundidade. Apesar dos postos de gasolina constituírem importantes fontes para contaminação de recursos hídricos, os aspectos devem ser analisados localmente.

 

De qualquer forma, trata-se de uma fonte poluidora importante e que pode trazer sérias consequências para a exploração das águas subterrâneas. Os vazamentos decorrentes do abastecimento de veículos são transportados para a rede pluvial, podendo atingir o solo em pontos de ruptura e, com o passar do tempo, sofre deslocamento até o nível freático. Outro tipo de vazamento é o que ocorre quando os tanques, com o passar do tempo, começam a experimentar um processo de corrosão (visto que a vida útil de cada tanque é de quatro anos) e, consequentemente, o rompimento. Um litro de gasolina contamina 1 a 5 m3 de água.

 

3.9. Proveniente de Garagens de Ônibus, Empresas de Transportes

São fontes poluidoras gravíssimas para as águas subterrâneas, pois os resíduos mais finos usados para a lavagem das peças são estocados em tanques de alvenaria localizados a nível do solo, poluindo ou contaminando o lençol freático por infiltração ou escoamento.

3.10. Proveniente de Depósitos de Ferro Velho, Plástico, Papelão, Vidros, etc

Devido ao material manipulado, tornam-se uma fonte de poluição, pois indicam a origem de chorume, bastante enriquecido em metais pesados, ácidos e elementos de elevada mobilidade. As substâncias e elementos que podem ser encontrados em depósitos de ferro velho, plástico etc. São representados na Tabela 8.

 

Tabela 8 – Materiais que constituem um ferro velho.

 

SUBSTÂNCIAS TÓXICAS

TEOR ADMISSÍVEL (mg/l)

Chumbo (Pb)

0,05

Bário (Ba)

0,03

Selênio (Se)

0,01

Arsênio (As)

0,01

Cromo (Cr)

0,01

Cianetos (CN)

0,01

Cádmio (Ca)

0,01

SUBSTÂNCIAS PERIGOSAS


Flúor (F)

Nitratos (NO3)

Tóxicos a partir de 1-1,5 mg/l devem ser inferiores a 45 mg/l de NO3

SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS QUE PODEM INFLUENCIAR A POTABILIDADE

TEOR ADMISSÍVEL (mg/l)

Materiais sólidos totais (TDS)

500,0

Ferro (Fe)

0,3

Manganês (Mn)

0,1

Cobre (Cu)

1,0

Zinco (Zn)

5,0

Cálcio (Ca)

75,0

Magnésio (Mg)

60,0

Sulfatos (SO)

200,0

Cloretos (Cl)

200,0

pH

7,0-8,5

Fenol

0,001

Alky-Benzeno Sulfonados (ABS)

0,5

3.11. Esgoto Sanitário

A quantidade de esgoto produzida por uma cidade depende do volume de água consumido. Entretanto, admite-se como razoável uma faixa de uso de 120 litros/pessoa/dia. Cerca de 60 a 80% dessa água se transforma em despejos, mas ainda existem outras atribuições para as tubulações de esgoto como: infiltração, águas de chuva, despejos industriais, águas de resfriamento etc.

A maior parte dos esgotos do município de Rio Claro é lançada sem tratamento nos rios, constituindo uma carga poluidora potencial estimada pela CETESB (Companhia Estadual de Tecnologia de Saneamento Básico) em 7020 kg/DBO/dia.

3.12. Ocupação do Solo

As formas de relevo, as declividades das encostas e os tipos e propriedades de solos e rochas, sob as condições climáticas, são as características do meio físico que mais condicionam os reflexos decorrentes do uso e ocupação do solo.

Para que um poluente chegue às águas subterrâneas, tem primeiro que infiltrar-se e atravessar o solo e a zona saturada. Os solos apresentam características e espessuras variáveis de um lugar para outro e, portanto, nem sempre terão a mesma resposta. Quando um determinado poluente não pode ser degradado pela zona não saturada (seja em virtude das características do solo e/ou poluente, seja pela pequena espessura do solo), acaba chegando às águas subterrâneas. A Tabela 9 mostra tipos de impactos ambientais e sociais ligados à ocupação inadequada do meio ambiente.

Tabela 9 – Ocupação inadequada do meio ambiente.

FATO

INTERVENÇÃO NO MEIO FÍSICO

IMPACTOS DIRETOS

CONSEQUÊNCIAS CORRELATAS

Loteamentos

Remoção da cobertura vegetal; terraplanagem (cortes/aterros)

Erosão

Assoreamento; ausência de drenagem, rede de esgoto; formação de lixões

Indústrias

Cortes/aterros

Erosão localizada; poluição do ar, solo e água

Contaminação do ar, solo e água

Mineração

Desmatamentos; escavações instáveis; desmontes de rochas

Erosão escorregamentos/deslizamentos; explosões-ruínas; depósitos de rejeitos

Assoreamento; ameaças às construções e vidas humanas; poluição visual do ar, solo e água

Sistemas Viários

Desmatamentos; cortes/aterros; sistemas de drenagem

Erosão, escorregamentos/deslizamentos

Assoreamento; perdas de vidas

Obras urbanas

Demolições

Desapropriações; poluição visual; modificação da paisagem urbana e histórica

Relocação da comunidade original

Chácaras de laser

Desmatamentos; cortes/aterros; terraplanagem

Erosão; escorregamentos

Assoreamento

Agricultura

Grandes desmatamentos; técnicas inadequadas

Erosão; perda da camada fértil do solo

Desertificação; poluição de mananciais; custos maiores com fertilizantes

 

A erosão intensificada afeta os recursos hídricos, principalmente no tocante à queda na taxa de recarga dos aquíferos subsuperficiais e no assoreamento dos corpos d’água superficiais, promovendo problemas onde se destacam as enchentes e a diminuição do suprimento e da qualidade das águas para consumo.

Em alguns pontos da cidade de Rio Claro existem voçorocas, que geralmente servem como cavas para entulhar lixo, causando poluição e/ou contaminação.

3.13. Águas Superficiais Contaminadas

Os cursos de águas superficiais, como rios, ribeirões, riachos e canais, são frequentemente usados para a disposição final de águas residuais e resíduos sólidos de diversas origens. Tais drenagens são convertidas em fontes de contaminação das águas subterrâneas, sob certas condições hidrológicas.

3.14. Criação de Rebanhos e Aves

Os detritos orgânicos de origem animal são os despejos advindos da pecuária. Aos detritos devem-se acrescentar as águas de limpeza de instalação, restos de leite e de materiais fecais. Parte dos dejetos animais atingem as águas superficiais por várias razões: por vazamento de estrumeiras; arraste dos detritos para os rios e lagos pelas as águas pluviais; armazenagem de forragens e outros produtos vegetais aproveitados (milho, alfafa, etc.).

No Município de Rio Claro é grande o número de estabelecimentos de criação de rebanho e ave, com péssimas condições. Numa das saídas de campo verifiquei de fato tal afirmação. Um exemplo é a granja colorado na estrada Rio Claro – São Pedro.

4. Caracterização Físico Química das Águas Subterrâneas no Município de Rio Claro

Dos 126 poços somente 98 possuem análises químicas.

4.1. Parâmetro Físico e Organoléptico (os dados referentes a este parâmetro podem ter valores bastante amplos, entretanto, quando se alcança uma zona de poluição podem ter variações relevantes):

a) Transparência Þ É determinada pela cor e turbidez como consequência da presença de substâncias coloidais orgânicas e de minerais em suspensão.

Conclusão: A quantidade de ferro encontrado nas amostras de água, em 08 poços é elevada, refletindo na cor e turbidez. A água subterrânea não atende aos padrões de potabilidade, tornando-se imprópria para o consumo humano.

b) Odor Þ A água tem de ser inodora.

Conclusão: Em 05 poços, a água subterrânea apresenta diminuição da qualidade estética, tornando-se uma águia imprópria para consumo humano. Água não potável.

c) Sabor Þ A água deve ter sabor agradável.

Conclusão: Não é expresso nas análises o resultado sobre o sabor das águas de poços do Município de Rio Claro.

d) Dureza Þ Produzem incrustações em filtros de perfurações e canalizações.

Conclusão: A dureza não ultrapassa o valor máximo permitido em todas as análises.

e) Condutividade Elétrica Þ Mede a propriedade de conduzir corrente elétrica, apresentada por um sistema iônico aquoso.

Conclusão: Não se tem dados de condutividade no boletim de exame de águas do DAEE de Rio Claro.

f) Temperatura Þ Pode ser considerada a característica mais importante do meio aquático, pois caracteriza grande parte dos outros parâmetros físicos da água tais como densidade, viscosidade, pressão e solubilidade dos gases dissolvidos.

Conclusão: Para todas as análises interpretadas, a temperatura varia de 15° a 29°C.

g) pH Þ Co-logaritmo da concentração hidrogeniônica de uma solução, expressa em moles. Para águas naturais, o pH assume valores que podem variar de 4,0 a 9,0.

Conclusão: Nas análises da água de poços profundos e/ou rasos o valor de pH varia de 5,0 a 9,7.

4.2. Parâmetros Químicos (constituem os índices mais importantes da qualidade da água, do ponto de vista de sua mineralização, da necessidade de nutrientes para a preservação da vida aquática, caracterização e rastreamento de poluentes).

a) Oxigênio Þ É um importante indicador de poluição, mostrando a redução de substâncias orgânicas e intensidade da autodepuração.

O DAEE obedece os seguintes valores para a concentração máxima permitida: fontes 2,0 mg/l O2; poços 3,5 mg/l O2 e abastecimento público 2,5 mg/l O2.

Conclusão: Para 58 poços, o índice de oxigênio consumido ultrapassa o limite máximo permitido pela legislação.

b) Alcalinidade Þ Determina a quantidade de OH-, CO3- e HCO3-, e expressa a capacidade de tamponamento da água ou dos componentes de um efluente.

Conclusão: Em todas as análises os teores de carbonato, bicarbonato e hidróxidos encontram-se com valores desejáveis permissíveis e admissíveis.

c) Sódio Þ A química do sódio é dominada pela grande facilidade com que ele forma o íon monovalente Na+, reagindo fortemente com a água e rapidamente com o oxigênio e halogênios.

Conclusão: O parâmetro para sódio segundo o guia da OMS (Organização Mundial de Saúde) é de 200 mg/l. Não foi observado altos teores de sódio nas análises química das águas dos poços de Rio Claro. Mas, foi verificado que em Assistência, Ajapi, no poços do Clube de Campo, no Jardim Novo 1 e 2, e em Ferraz, a água subterrânea é salobra, não atendendo ao padrão de qualidade.

d) Cloretos Þ Os cloretos são íons eletro-negativos (ou radicais ácidos) considerados ácido forte. Ocorrem em todas as águas naturais e podem ser resultado do contato da água com depósitos minerais e com água do mar. Está ligado à contaminação por esgotos domésticos e industriais (servem como indicadores) ou por retorno de águas utilizadas em irrigação agrícola.

Conclusão: Em todas as análises de todos os poços de água subterrânea o índice de Cl na água é admissível.

e) Sulfatos Þ Íon eletro-negativo (radical ácido), considerado ácido forte. São indesejáveis para a maioria dos processos em que pode haver corrosão ou incrustação.

Conclusão: Em todas as análises o índice de SO4- na água são admissíveis.

f) Sulfeto Þ Aparecem na água principalmente quando há decomposição de matéria orgânica em condições de deficiência de oxigênio, sendo sua presença um indicativo de contaminação da mesma por esgotos domésticos e industriais, ou por lançamento de indústrias alimentícias, químicas, de papéis, etc.

Conclusão: No boletim de exames de águas não está incluído a análise para sulfeto.

g) Amônia (NH3) Þ A presença do íon amônio em águas poluídoras está ligada à decomposição bioquímica de proteínas, sendo que flutuações na concentração deste íons refletem o processo de nutrição do corpo d’água, estando associada à poluição por esgotos residenciais e industriais.

Conclusão: Em 64 poços o NH3, atinge valores de 0,09 – 2,50 (o maior índice foi encontrado no poço do EEPGA em Batovi, poço abandonado).

h) Nitritos (NO2-) Þ Aparecem na água como resultado da oxidação bioquímica da amônia, ou durante a redução de nitritos. Sua presença na água pode indicar poluição de origem fecal. O valor permitido = Ausente.

Conclusão: Em 22 análises, o parâmetro variou de 0,01 – 12 mg/l (Bomba nascente do Horto Florestal). Acusa poluição.

i) Nitratos (NO3) Þ Um aumento da concentração de nitratos pode indicar uma contaminação fecal.

Conclusão: Nos boletins de exames de águas do DAEE de Rio Claro, não há indícios de poluição, a água atende aos padrões de potabilidade.

j) Fosfatos (PO4) Þ O fósforo, ao lado de outros nutrientes, representa um papel importante nos processos de eurofização (aumento da população e produção biológica) de um corpo d’água.

Conclusão: 36 análises indicam altos teores de fosfato, variando de 0,21 a 3,43 mg/l (resultado do poço da Usina de Metanol da CESP – abandonado; e no poço em Assistência – desativado). Acusa poluição.

k) Ferro Þ A correlação entre os íons férricos e ferrosos é determinada pelo valor do potencial redox e pH da água. O valor máximo permitido em torno de 0,3 mg/l.

Conclusão: 16 análises indicam altos teores de ferro, variando de 0,31 a 4,50 mg/l (Usina de Metanol da CESP – abandonado; poço na Granja Jussara em Ajapi e o poço abandonado da antiga fábrica de cerveja Mãe Preta). A água não atende aos padrões de potabilidade, ferro elevado refletindo na turbidez, água poluída, imprópria para consumo humano.

l) Metais Pesados Þ Reduzem a capacidade autodepurativa das águas, pois têm ação tóxica sobre os microorganismos responsáveis por essa regeneração, pela decomposição dos materiais orgânicos.

Conclusão: Nos boletins de exame de água do DAEE, não existem a relação destes elementos.

m) Fluoretos Þ As águas de despejo de indústrias químicas, de vidro, de plantas, de beneficiamento de minérios, podem contaminar um corpo d’água com fluoreto, sendo que teores acima de 1 a 1,5 mg/l são prejudiciais à saúde.

Conclusão: Existem 08 análises que indicam problemas com fluoreto, os índices variam de 1,72 a 4,28 mg/l (este índice pertence ao poço da Indústria Matarazzo, hoje Shopping Center). Os outros índices pertencem a Cerealista Santos em Batovi, Agroceres na SP-127 (poço desativado), em Assistência (poço desativado) e o poço da indústria Química D.P.V.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

URSULINO, D.M.A. Caracterização da qualidade das águas subterrâneas – Município de Rio Claro/SP. Mestrado. IGCE-UNESP. 1998. 119 p.

 

Desenvolvimento: Centro de Análise e Planejamento Ambiental- CEAPLA/IGCE/UNESP

Apoio: FAPESPFundação de Amparo à Pesquisa