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FLORESTAS


Figura 1 – Limites dos municípios na Bacia do Rio Corumbataí

Área de Proteção Ambiental – APA

O perímetro Corumbataí tem uma área total de 278.858,00 ha e inclui terras dos município de São Carlos, Analândia, Brotas, Itirapina, Corumbataí, Ipeúna, Rio Claro, Dois Córregos, Torrinha, Mineiros do Tietê, Barra Bonita, Santa Maria da Serra, São Pedro, Charqueada e São Manuel (Ilha do Serrito).

Os limites do perímetro Corumbataí que estão dentro da Bacia do rio Corumbataí, podem ser observados na Figura 1. Esses limites foram obtidos junto ao banco de dados do Instituto Florestal de São Paulo, ocupam 67,36% da área total da Bacia e englobam os municípios (porção que está dentro da Bacia) de Analândia, Corumbataí e parte dos municípios de Itirapina, Ipeúna, Rio Claro e Charqueada (Tabela 1).

A criação do perímetro Corumbataí é justificada pelo fato da região possuir feições de relevo, como as cuestas basálticas que são consideradas de grande fragilidade ambiental, e ainda manter áreas ocupadas por vegetação remanescente, que devem ser preservadas. Isto em um cenário marcado pela crescente expansão urbana; pela presença da monocultura da cana-de-açúcar e da pastagem, pelo aumento expressivo das citricultura; e pela existência de grandes áreas com plantios comerciais de eucalipto. Na delimitação original do perímetro Corumbataí foram excluídas as áreas onde estavam localizadas as sedes urbanas dos municípios.

Tabela 1 – Área dos municípios, na Bacia do Rio Corumbataí, pertencentes à área da APA.

Município

Área na Bacia

% do Município com APA

Analândia

17.510,90

100,00

Corumbataí

23.435,00

100,00

Itirapina

27.078,60

100,00

Rio Claro

49.100,70

64,54

Ipeúna

19.778,90

75,42

Santa Gertrudes

10.255,20

0,00

Charqueada

12.262,00

6,79

Piracicaba

11.354,10

0,00



Figura 2 – Limites do perímetro da APA Corumbataí-Botucatu-Tejupá na Bacia do Rio Corumbataí

Cobertura Florestal Atual

Dos 170.775,6 ha de área da Bacia do Rio Corumbataí a cobertura nativa representa 12,38% (21.144,08 ha), sendo que a floresta plantada representa 7,35% (12.549,64 ha). Grande parte da cobertura florestal é constituída por fragmentos florestais pequenos e isolados.

Como pode ser observado na Figura 3, a Mata de Encosta e a Mata Ciliar recebem influência, nas suas composições florísticas, de espécies arbóreas e arbustivas das demais formações florestais da bacia.


Figura 3 – Formações florestais ocorrentes na Bacia do Corumbataí

 

Floresta Estacional Semidecídua – Mata de Planalto

O conceito ecológico desta formação florestal relaciona-se com as condições climáticas da região onde ocorre, caracterizada por apresentar duas estações distintas, uma chuvosa e outra seca, ou com acentuada variação térmica. O termo estacional menciona as transformações de aspecto ou comportamento da comunidade conforme as estações do ano. Já, semidecidual refere-se à deciduidade, capacidade de perda foliar parcial na estação seca, observada em algumas espécies típicas dessa formação. A denominação mata de planalto, entre outras já estabelecidas por diversos autores, foi considerada pelo Projeto Corumbataí para referenciar-se à formação em questão.

Devido às condições topográfica da região, relevo suave-ondulado, as áreas passíveis de mecanização foram as que mais sofreram com as intervenções antrópicas, entre as quais, a extração seletiva de madeira e a expansão agrícola. Atualmente, esta formação florestal encontra-se fragmentada a pequenos e isolados remanescentes florestais localizados em áreas de difícil acesso.

Em estudo recente sobre a florística da região, verificou-se que a floresta estacional semidecidual ocupa as mais variadas condições edáficas, ocorrendo tanto em solos mais argilosos quanto em solos mais arenosos. No entanto, apesar de apresentar visualmente as mesmas características fisionômicas, existem particularidades florísticas e/ou estruturais nas matas de planalto devido às características do solo nas quais essas formações se situam.

 

Floresta Paludosa – Mata de Brejo

A denominação florestas paludosas, entre outras verificadas, ou matas de brejo, se dá em função da característica do solo ficar permanentemente encharcado na área de ocorrência deste tipo de formação florestal.

As matas de brejo distribuem-se de maneira naturalmente fragmentada, pois só ocorrem em solos com alta influência hídrica, nos solos orgânicos, nos gleissolos, nas areais quartzosas hidromórficas, nos plintossolos e mais raramente em solos aluviais e cambissolos em condições de solo pouco drenado.

Devido à grande influência do tipo de solo na ocorrência de espécies vegetais, há um consenso entre os pesquisadores das floresta paludosas, quanto a questão da menor diversidade desta formação em relação as demais formações florestais.

No Estado de São Paulo foram poucos trabalhos realizados nas formações típicas de mata de brejo, devido às pequenas extensões dessas formações no Estado.

 

Florestas Ripárias – Matas Ciliares

O termo florestas ripárias compreende um mosaico complexo de formações florestais que ocupam as áreas ao longo dos cursos d’água, abrangendo desde florestas estacionais semideciduais, matas de brejo, matas de transição (ecótono ciliar), entre outras. Devido a este fato, a formação florestal em questão já recebeu diversas denominações, entre as quais mata ciliar. Para o Estado de São Paulo a mata ciliar é definida como floresta latifoliada higrófila, com inundação temporária. Esta inundação pode ocorrer tanto na forma de enchentes como pela elevação do lençol freático.

A rede hidrográfica da Bacia do Rio Corumbataí é representada por rios com calha bem definida, ou seja, rios bem encaixados com uma elevação altitudinal à medida que se distancia do curso d’água. A ocorrência de áreas alagáveis varia ao longo do curso d’água. Em condições normais de vegetação e topografia, as áreas passíveis de alagamento se restringem a uma faixa estreita próxima ao curso d’água.

Por isso, as matas ciliares apresentam um mosaico florestal que se caracteriza pela adaptabilidade fisiológica de algumas espécies em resistir a saturação hídrica do solo, mesmo que por período curto de tempo.

O mosaico florestal das matas ciliares é composto por uma faixa constituída de espécies típicas de áreas ripárias, ou seja, onde há interferências causadas pela água de forma intermitente ou permanente. E ainda, por uma faixa constituída de espécies de floresta estacional semidecidual, onde não há influência da água.

A união de espécies vegetais de diferente formações florestais nas matas ciliares faz com que esta formação apresente uma elevada e complexa diversidade de espécies além de uma heterogeneidade estrutural. Apesar deste fato dificultar, desde a escolha de espécies para a produção de mudas até a disposição das mesmas no campo, a recuperação das florestas ripárias é muito importante para a conservação da biodiversidade, porque os remanescentes da faixa ciliar que são protegidos na legislação Florestal Brasileira como florestas de preservação permanente, guardam espécies de diferentes formações fitogeográficas.

 

Floresta Estacional Decidual – Mata Seca

Esta denominação é utilizada para unidades fitogeográficas do nordeste e sudoeste brasileiro. Para referenciar alguns remanescentes florestais identificados, sempre sobre solo litólico, característico por ser raso, com elevada acidez e baixa capacidade de retenção hídrica na estação seca. A presença de uma fisionomia e florística própria está condicionada por fatores edáficos e não climáticos.

As espécies que constituem esta formação florestal apresentam adaptações fisiológicas e/ou morfológicas, que as tornam resistentes à deficiência hídrica estacional como o armazenamento de água em partes da planta; deciduidade (queda das folhas no período seco), característica responsável pela denominação da formação; órgãos para absorção da umidade atmosférica ou de chuvas, entre outras.

Além de uma vegetação arbórea bem característica, esta formação florestal apresenta alta densidade de plantas cactáceas e bromeliáceas, como o mandacaru e o ananás respectivamente.

Cerrado

Cerradão

Na área do cerrado, às vezes encostado a uma mata semidecídua sem zona de transição (zona ecotonal), em pontos hoje raros em vista da devastação antropógena, pode-se encontrar um tipo de floresta muito peculiar, o cerradão. Distingue-se ao longo das matas secas pelo aspecto ou fisionomia e estrutura, mas sobre tudo pela esclerofilia e composição florística.

Neste tipo de floresta, as árvores possuem um vigor excepcional, são mais altas, menos afastadas umas das outras, mais erectas, e entre elas crescem numerosos arbustículos, quando comparadas ao cerrado. A altura do cerradão pode chegar a 18 metros, mas em geral ele possui entre 8 à 12 metros. A estratificação é simples, em muitas formações há três andares mais ou menos distintos. Um andar arbóreo de uns 12 metros, no qual algumas árvores emergentes vão a 15 metros. Segue-se por um estrado arbustivo bem nítido, não raramente bastante denso, constituído de arbustos, na sua maioria esclerófilos. O terceiro andar, o herbáceo, reduz-se a poucas gramíneas, pequenos arbustos e plantas jovens.

Importante acentuar o fato de que o cerradão é um tipo de floresta próprio do Planalto Central brasileiro. Suas árvores muito encontradas no cerrado são em geral retilíneas e com ramificação mais alta, com fustes bem conformados. As gramíneas e subarbustos que caracterizam e compõem os cerrados, faltam nesta formação. Ao lado da estratificação, deve-se considerar ainda as assinaladas peculiaridades pedológicas.

As árvores constituintes dos cerradões são aquelas dos cerrados que exibem marcada predominância de estrutura esclerofílicas. Existe, porém, algumas espécies próprias do cerradão que não se incluem no cerrado e umas poucas que só ocorrem dificilmente.

Pode-se afirmar que a composição do cerradão é fortemente dominado por espécies exclusivas e seletivas, muito distinta organograficamente (hábito, casca grossa, corticosas, sulcada, folhas amplas, duras, pilosas, etc). Mas é conveniente observar que cerradões e matas secas coexistem lado a lado, trocando elementos florísticos.

 

Floresta Estacional Semidecidual Submontana – Mata de Encosta

A denominação desta formação florestal foi baseada nas definições sobre as florestas brasileiras, descritas no Manual Técnico da Vegetação Brasileira.

Esta formação ocorre com frequência nas encostas interioranas e nos planaltos centrais capeados pelo Arenitos Botucatu, Bauru e Caiuá dos período geológicos Jurássico e Cretáceo. Dentro deste conceito, enquadra-se a Mata de Encosta ocorrente na Bacia do Rio Corumbataí.

A área ocorrência desta formação florestal é muito extensa, ocorrendo desde o Espírito Santo e Sul da Bahia até o Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, norte e sudoeste do Paraná e sul do Mato Grosso do Sul.

A Floresta Estacional Semidecidual Submontana sofre influência na sua composição florísticas das demais formações florestais ocorrentes na Bacia do Corumbataí. Entre os gêneros que caracterizam esta formação florestal nos planaltos areníticos são: Hymenaea (Jatobá), Copaifera (Óleo-de-copaíba), Peltophorium (Canafístula), Astronium (Guaritá), entre outros.

A dinâmica natural das espécies deste tipo de formação florestal está diretamente ligada com a ocorrência de escorregamentos periódicos de solo.

 

Fragmentos e Formações Florestais

Tabela 2 – Número e porcentagem da área por classes de tamanho dos remanescentes florestais nas sub-bacias do Rio Corumbataí.

Classes de Tamanho (ha)

Sub-Bacias

Rib. Cabeça

Rib. Claro

Passa Cinco

Alto Corumbataí

Baixo Corumbataí

Médio Corumbataí

%

%

%

%

%

%

0 – 5

302

53,8

330

49,83

339

26,95

443

41,24

420

51,73

394

64,65

5 – 10

32

20,43

31

16,8

28

7,73

42

14,83

31

14,13

27

15,65

10 – 20

6

7,6

12

12,87

21

11,97

20

13,91

17

15,86

10

11,77

20 – 40

7

18,17

4

7,86

12

13,56

14

19,79

6

11,79

2

4,35

> 40

0

0

2

12,64

13

39,79

4

10,23

2

6,49

1

3,58

Total

347

100

379

100

413

100

523

100

476

100

434

100

 

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

VIANA, V.M; VETTORAZZI, C.A.; ZAKIA, M.J.B. Plano Diretor - Conservação dos Recursos Hídricos por meio da Recuperação e da Conservação da Cobertura Florestal da Bacia do Rio Corumbataí. Piracicaba. IPEF, 2002.

 

Desenvolvimento: Centro de Análise e Planejamento Ambiental- CEAPLA/IGCE/UNESP

Apoio: FAPESPFundação de Amparo à Pesquisa