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SANTA GERTRUDES

O início do processo de ocupação das terras onde mais tarde surgiria a povoação de Gramado, hoje, Santa Gertrudes, deu-se com a formação da Fazenda Santa Gertrudes. Esta teve como ponto inicial, a compra de uma gleba de terras pertencente à Sesmaria do Morro Azul, no dia 18 de junho de 1821, pelo Brigadeiro Manoel Rodrigues Jordão e sua esposa D. Gertrudes Galvão de Moura Lacerda.

À propriedade comprada pelo Brigadeiro Manoel Rodrigues Jordão, foram anexadas as terras do antigo sítio e engenho “Laranja Azeda”, adquirido por Dona Gertrudes em 21 de fevereiro de 1841. Em 1848, essa gleba passou por herança, para o filho do Brigadeiro, o Barão de São João do Rio Claro, senhor Amador de Lacerda Rodrigues Jordão, em virtude da morte de sua mãe, D. Gertrudes. Essas terras tornaram-se uma fazenda, a princípio usada para a produção de cana-de-açúcar, vindo posteriormente a se destacar como uma das mais importantes fazendas produtoras de café da região. A esta propriedade foi dado o nome de “Fazenda Santa Gertrudes” e se constituiu no marco inicial do desenvolvimento da povoação de Gramado, futura cidade de Santa Gertrudes.

No ano de 1857, a Fazenda Santa Gertrudes já iniciava sua produção de café. Com a administração do Conde Eduardo Prates de 1897 a 1921, tornou-se uma das maiores produtoras de café do “antigo oeste paulista”, destacando-se por seu elevado nível de produtividade e modernidade quanto às técnicas de beneficiamento.

No final do século XIX a chegada de imigrantes italianos na Fazenda Santa Gertrudes, veio representar um crescimento populacional significativo, impulsionando a formação de um pequeno povoado que passou a receber imigrantes provenientes de outras propriedades agrícolas, insatisfeitos com seus contratos de trabalho e com as condições a eles impostas.

O povoado recebeu inicialmente a denominação de “Gramado”, nome este dado em virtude de extensas áreas verdes ao seu redor, que possibilitavam excelentes pastagens. Esse se desenvolveu próximo à Fazenda Santa Gertrudes, sendo de extrema importância, pois atuou como centro fornecedor de bens de consumo diversos para os imigrantes.

Algumas famílias estabeleceram-se neste local, dando início a uma aglomeração urbana que cresceu com a chegada dos trilhos da Companhia Paulista de Estrada de Ferro, em 1876. A ferrovia foi, portanto um importante marco no desenvolvimento da povoação de Gramado.

Seus moradores passaram a dedicar-se ao plantio de frutas e verduras para o consumo da própria família, sendo que o excedente era vendido.Dedicaram-se também às atividades comerciais e artesanais, prestando diversos serviços à comunidade, tais como, marceneiros, pintores, ferreiros, oleiros, carpinteiros, padeiros, barbeiros, etc., sendo de grande importância para a população da povoação, nesse momento de sua formação. Nesse período Gramado estava administrativamente subordinada a São João do Rio Claro.

Um pequeno comércio já atendia a população local. Estabeleciam-se os armazéns de secos e molhados, as padarias e as lojas de armarinhos, para atender à população rural e urbana. Seus proprietários residiam na vila, nela constituindo suas famílias. O número de casas aumentou tornando necessário estender à sua população os benefícios da luz elétrica, o que ocorreu em 10 de dezembro de 1912.

A instalação da energia elétrica trouxe desenvolvimento ao povoado, que foi elevado à categoria de Distrito de Paz em Dezembro de 1916, passando a se chamar Santa Gertrudes. Pequenas fabriquetas já faziam parte do cotidiano da povoação, como a fábrica de sabão “Crioulo” pertencente à família Buschinelli, uma fábrica de macarrão e uma fábrica de cerveja, a Cerveja Barbante e outras fabriquetas de fundo de quintal produzindo mercadorias diversas que eram consumidas pela população.

Em 1925, o Sr. Joaquim Raphael da Rocha doou um terreno à cúria para construção da igreja de São Joaquim, que passou a ser oficialmente o padroeiro do Distrito de Santa Gertrudes.

A construção da igreja, além de atender às necessidades espirituais de seus moradores, vinha atender a uma tradição observada nos centros urbanos do Brasil desde a época colonial, que consistia na construção de uma capela em louvor a um santo protetor. Era, portanto, a doação de terras para a constituição do patrimônio, marcando a consolidação da formação do Distrito.

Por essa época, já despontava em Santa Gertrudes uma nova atividade que a tornaria conhecida por todo o Brasil, a produção da indústria cerâmica, produção de telhas, tendo em vista as abundantes reservas de argila na região.

A primeira indústria cerâmica a se instalar em Santa Gertrudes foi a Cerâmica Buschinelli. Outras também foram sendo instaladas: Cerâmica Meyer, Cerâmica Rocha, Cerâmica São Joaquim, Cerâmica Marotti.

No dia 17 de outubro de 1948, o Distrito de Paz de Santa Gertrudes foi elevado à categoria de município, desmembrando-se do município de Rio Claro. O mesmo foi instalado no dia 1o. De Janeiro de 1949. Isto foi possível porque a cidade já tinha plenas condições sociais, políticas e econômicas de decidir seus próprios rumos de crescimento, pois sua base de desenvolvimento estava assentada na produção cerâmica.

O Pólo Cerâmico de Santa Gertrudes

Hoje, o Município de Santa Gertrudes forma com os Municípios de Cordeirópolis, Rio Claro, Limeira, Araras e Piracicaba, um importante pólo cerâmico do Estado de São Paulo e do país. São ao todo 42 cerâmicas, sendo que 19 encontram-se no Município de Santa Gertrudes, além de cerâmicas que produzem vasos artesanais à base de argila, dando a ele a importância necessária para se afirmar que hoje a cidade vive em função dessa produção.

A princípio as cerâmicas fabricavam as telhas paulistas e francesas, sendo que só mais tarde os primeiros lajotões coloniais começaram a ser produzidos. A partir de 1986, a produção de cerâmicas deu um salto em modernidade, deixando de lado os métodos de produção artesanal, para substituí-los pelo sistema de monoqueima. Essa tecnologia igualou os pisos produzidos em Santa Gertrudes aos demais produzidos no país. Este fato foi de extrema importância para a constituição do pólo cerâmico, incentivando e criando as condições necessárias para a atração de novas empresas à região.

Outro passo importante foi dado em 1993, com a inauguração de um laboratório de análises, equipado com alta tecnologia necessária para a realização de ensaios físico-cerâmicos, responsáveis pela alta qualidade das cerâmicas produzidas em Santa Gertrudes.

A produção do pólo cerâmico é vendida para todo o país, respondendo por cerca de 52% da produção nacional. A mesma é também já está começando a ser exportada. Seu método de produção é um dos motivos que contribui para essa grande conquista, pois produz produtos mais baratos devido ao seu processo industrial, e também à abundância de reserva de argila vermelha da região, a base do seu processo produtivo. Devido a essas características Santa Gertrudes passou a ser considerada o “cluster” paulista do setor ceramista do Brasil.

Hoje o Município conta com cerca de 18.377 habitantes.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

GARCIA, L. B. R. O Passado e o Presente: Santa Gertrudes – Seu Povo e Sua História. Santa Gertrudes, Prefeitura Municipal, 2003, 215p.

 

Desenvolvimento: Centro de Análise e Planejamento Ambiental- CEAPLA/IGCE/UNESP

Apoio: FAPESPFundação de Amparo à Pesquisa