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PIRACICABA

Apesar de conhecido pelos paulistas desde o século XVII, o “Sertão de Piracicaba”, não despertou de imediato, o interesse para a sua exploração econômica. Ele servia apenas de passagem para os exploradores de ouro que vindos de Itu, pelo rio Tietê e rio Piracicaba, penetravam pelo Sertão de Araraquara, até as margens do rio Paraná. Esse era o caminho para se chegar a Cuiabá, na busca de ouro, prata e pedras preciosas.

Como passagem, formou-se apenas uma pequena povoação e um porto, localizado logo abaixo do salto do rio Piracicaba, tornando-se um ponto de pouso e abastecimento para aqueles que demandavam esses caminhos.

Nesse local no final do século XVII já residia a família do bandeirante paulista Antônio Rodrigues Arzão e seu filho Manoel Rodrigues Arzão. Viviam na margem esquerda do rio Piracicaba, próximo ao salto, juntamente com seus familiares e agregados.

Somente no século XVIII, no ano de 1726 é doada a primeira sesmaria na região, a Felipe Cardoso. A mesma não progrediu permanecendo até o ano de 1760, como um pequeno pouso às margens do Rio Piracicaba. As causas foram várias, entre elas, o declínio da mineração a partir de 1732, o que levou ao abandono do caminho que conduzia às minas de Mato-Grosso e Goiás.

A revalorização do sertão junto ao rio Piracicaba somente ocorreu em 1766 quando Morgado de Mateus, governador da Capitania de São Paulo, em função das disputas com os espanhóis, na fronteira, não mediu esforços no sentido de fundar diversas povoações estratégicas a fim de impedir que os mesmos invadissem o território brasileiro. A povoação de Piracicaba foi uma delas, tendo sua fundação ocorrida em 1 em agosto de 1767, pelo Capitão Antônio Correa Barbosa. O objetivo era dar apoio e atendimento às expedições que seguiam para o posto militar do Forte de Iguatemi, construído na fronteira paraguaia.

No entanto, a insalubridade do local, levou o Capitão Antonio Correa Barbosa a transferir a povoação à 70km à montante da barra do rio Piracicaba, onde já se encontravam estabelecidos, numerosos pescadores e colonos.

Em 1773, a população de Piracicaba atingia o total de 183 habitantes. A sua maioria era de famílias nucleares, algumas com numerosos filhos e sem nenhuma escravaria. Era gente muito pobre que se predispôs à vida numa região considerada boca de sertão. A povoação passou a ser conhecida pelo fabrico de embarcações e apetrechos para as mesmas.

Oficializando a existência da povoação, D. Luiz Pedroso de Barros, levantou uma capela em louvor a Nossa Senhora dos Prazeres. Dessa forma, os seus habitantes puderam receber a assistência espiritual. Assim a povoação começou a se organizar. Da mata era retirada a madeira para o fabrico de canoas e a terra fértil era utilizada para o plantio. Ela passou a ser uma referência para a fabricação de canoas, assim como um ponto de apoio para as monções que passavam pelo rio Piracicaba e seguiam para Cuibá.

A produção de canoas organizou-se numa forma mista de economia extrativista e manufatureira. Seus altos lucros, no entanto não ficaram retidos na povoação, pois, foram acumulados em centros urbanos mais dinâmicos no Vale do médio Tietê.

Em 21 de junho de 1774, a povoação foi elevada à Freguesia de Santo Antônio de Piracicaba, passando a ter o direito de possuir um pároco permanente, o padre João Manuel da Silva. A sagração atribuiu outro significado à povoação. Era o significado eclesiástico e, conseqüentemente a sua oficialização.

O recenseamento de 1775 registrou cerca de 231 moradores e 45 fogos na povoação. No entanto, a ocupação do Forte de Iguatemi pelos castelhanos, no ano de 1777, refletiu negativamente no desenvolvimento da povoação, resultando no declínio da fabricação de canoas.

No ano de 1779, os moradores da Freguesia de Santo Antônio de Piracicaba fizeram um abaixo assinado pedindo a mudança da povoação da margem direita do rio para a margem esquerda. A autorização foi concedida e, em 31 de julho de 1784, a freguesia de Santo Antônio de Piracicaba foi transferida para uma gleba de terra comprada por Antônio Corrêa Barbosa.

O terreno para o rossio abrangia desde a barra do Itapeva, pouco acima do salto, até a barranca do rio Piracicaba. No topo da colina, foi demarcada uma quadra com quarenta e seis braças de latitude em direção Norte-Sul, Leste-Oeste, para que fosse edificada a Igreja Matriz, local onde hoje está a Praça José Bonifácio.

Antonio Correa Barbosa doou 46 braças de terra para a constituição do patrimônio local onde seria erguida a Igreja Matriz. O local da Igreja Matriz foi demarcado, assim como as ruas da povoação, o que explica a simetria atual das ruas centrais da cidade.

A povoação de Piracicaba surgiu em uma fase de transição econômica do território paulista, ou seja, das atividades bandeiristas para uma incipiente agricultura. Integrou-se às novas fronteiras agrícolas que se abriam nesse momento no centro-oeste paulista, proporcionada pela expansão da lavoura canavieira. Este vai ser o elemento indutor do seu desenvolvimento.

Em 1799 Piracicaba já contava com nove engenhos produzindo cerca de 1922 arrobas de açúcar, e, em1854 já são 51 fazendas, produzindo 131.000 arrobas. Esses dados nos revelam que a região de Piracicaba permaneceu canavieira mesmo com o avanço da produção cafeeira na região. No final do século XIX, Piracicaba integrava o “quadrilátero do açúcar” juntamente com Sorocaba, Mogi-Guaçú e Jundiaí.

A cana era cultivada em grandes propriedades, que formavam um complexo composto pelas plantações de cana, pelas instalações de beneficiamento, áreas de matas para a obtenção de madeira e lenha, pastos e terras para o cultivo de alimentos. O rio fornecia a água e o transporte e o núcleo urbano fornecia os bens materiais necessários aos proprietários e aos moradores das fazendas e também, a assistência espiritual. O trabalho por sua vez recaía sobre a mão-de-obra escrava. A produção era toda exportada para Portugal.

Com o apogeu da cana, o núcleo urbano de Piracicaba passou a ser o fornecedor de bens à população. A rua da Praia, hoje rua do Porto era o centro dessa atividade mercantil.

Em 31 de outubro de 1821 a Freguesia de Piracicaba foi elevada a Vila, recebendo a denominação de Vila Nova da Constituição, em homenagem à Constituição portuguesa promulgada nesse ano. Como Vila, teve sua Câmara de Vereadores constituída.

Pela lei provincial de 24 de abril de 1856, Vila Nova da Constituição foi elevada a categoria de cidade, e, em 13 de Abril de 1877 seu nome mudado para Piracicaba. Nesse momento Piracicaba possuía cerca de 5.000 habitantes.

Aos poucos a vida urbana foi se organizando. O transporte ferroviário chegou em 1877 com a Cia de Estrada de Ferro Ituana. A luz elétrica foi inaugurada em 1884. Esse momento coincide com a tentativa do Governo imperial de estabelecer no país os chamados Engenhos Centrais, um sistema de produção açucareira baseado na divisão do trabalho entre agricultura e indústria, bem como na separação da propriedade e do controle das lavouras e das usinas. Com eles iniciou-se a modernização da produção açucareira no Brasil, promovendo a utilização do transporte ferroviário e do trabalho livre. Coube a Piracicaba, o pioneirismo na instalação do Engenho Central, com a “Societé Sucrérie Brésilienne” inaugurada em 18 de novembro de 1883. Em 1884, produzia cerca de 30.000 arrobas de açúcar, tornando Piracicaba a principal produtora de açúcar na região.

No final do século XIX, a cidade passou a ser servida de água encanada, luz elétrica e de telefones públicos. Instalou também a primeira instituição financeira, o Banco da Indústria e do Comércio inaugurado em 1889. Os bairros se formavam, e o perímetro urbano crescia.

Piracicaba adentrou o século XX, mantendo sua atividade econômica ligada à produção canavieira e à aguardente embora possuísse também numerosos cafezais.

Em 1907 foi inaugurada a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”. Hoje é a terceira mais antiga escola de agronomia do país sendo destacada pela qualidade do ensino e pela importância de suas pesquisas.

Em 1916, os bondes trazidos pela “The Southern Brazil Electric Co. Ltd.”passaram a fazer parte da paisagem urbana de Piracicaba, funcionando até o ano de 1969.

Atualmente o parque industrial do Município encontra-se bastante diversificado, com cerca de 510 estabelecimentos industriais, de acordo com dados do Censo de 2002. O mesmo emprega cerca de 14.503 trabalhadores formais. Destaca-se o predomínio de estabelecimentos voltados para a produção de equipamentos para a agroindústria sucro-alcooleira, embora tenha aumentado a participação de setores produtores de material de transportes, material siderúrgico, papel e produtos químicos, atendendo ao mercado nacional e internacional.

A cidade conta com aproximadamente 1447 estabelecimentos comerciais que empregam cerca de 6.550 trabalhadores, segundo dados do Censo de 2002.

Estes dados demonstram a sua importância, tornando-a um importante pólo de desenvolvimento regional e estadual.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

POMPERMAYER, R. M. T. e GARCIA, L. B. R. Espaço Urbano de Piracicaba: Sua Ocupação e Evolução. Relatório Final de Trabalho de Graduação, IGCE/UNESP/RIO CLARO/ 1998. 217p.

 

Desenvolvimento: Centro de Análise e Planejamento Ambiental- CEAPLA/IGCE/UNESP

Apoio: FAPESPFundação de Amparo à Pesquisa