MOTRIZ - Revista de Educação Física - UNESP

Volume 4, Número 2, dezembro/1998

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

http://www.rc.unesp.br/ib/efisica/motriz/revista.htm


SUMÁRIO

 

ARTIGOS

SOCIOLOGIA E  EDUCAÇÃO FÍSICA

Ciência, ciências. As representações na Educação Física.............................................................................................................................................................. 71

Leila Marrach Bastos de Albuquerque

 

BIOMECÂNICA

Variáveis biomecânicas  analisadas durante o levantamento manual de carga........................................................................................................................ 85

Mauro Gonçalves

 

MEDIDAS DE AVALIAÇÃO

Fatores socio-econômicos e  ocupacionais e a prática de atividade física regular: estudo a partir de policiais militares em Bauru, São Paulo... 91

Henrique Luiz Monteiro, Aguinaldo Gonçalves, Carlos Roberto Padovani e José Luiz Fermino Neto

 

FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

Efeitos da corrida em pista ou  do Deep Water Running na taxa de remoção do lactato sanguíneo durante

 a recuperação ativa após exercícios de alta  intensidade ............................................................................................................................................................. 98

Rodrigo Villar  e Benedito Sérgio Denadai

 

DANÇA, ESPORTE, RECREAÇÃO E LAZER

Segurança na Ginástica Olímpica..................................................................................................................................................................................................... 104

Myrian Nunomura

 

PONTO DE VISTA

Atividade física na empresa: Para onde vamos e o que queremos?......................................................................................................................................... 109

Fabiano Pries Devide

 

RESUMOS DE DISSERTAÇÃO E TESE

A Educação do corpo e as práticas corporais  alternativas: Reich, Bertherat e antiginástica......................................................................................... 116

Sara Quenzer Matthiesen

 

Qualidade de vida de portadores de deficiência em função do tipo de atividade física praticada.................................................................................. 117

Ivaldo Brandão Vieira

 

Perfil imunológico na faixa etária de 15 a 22 anos em função do nível de  condicionamento aeróbico....................................................................... 118

Marco Aurélio Dalfior

 

I  Congresso Internacional de Educação Física e Motricidade Humana

VII  Simpósio Paulista de Educação Física

"A Educação Física no século XX:  faces e fases"....................................................................................................................................................................... 119

 

EDITORIAL

Em períodos como o atual, marcados pela paranóia das crises, é muito cômodo [conquanto alienante] escusar-se da participação social ativa, exacerbando as crises como desculpas e, dando rédeas soltas ao egoísmo fazendo do individual a razão de ser de todas as decisões. É com orgulho que percebo a Comissão Editorial da Motriz trilhar caminho justamente oposto ao comodismo e buscar soluções que engrandecem a Revista, a exemplo de sua recente inserção no SIBRADID e a obtenção de seu registro (ISSN).

Agradeço também o espaço deste editorial para reportar-me a dois fatos recentes da Educação Física que merecem, não apenas destaque, mas também uma crescente conscientização e luta pelos ideais de nossa profissão, nos quais o Departamento de Educação Física - IB - UNESP - Câmpus de Rio Claro e o Centro Acadêmico de Educação Física têm-se engajado ativamente.

O primeiro refere-se ao nosso dever na direção de transformar em objetivo permanente o retorno, nas Escolas Estaduais de São Paulo, do mínimo de três aulas semanais de Educação Física. A redução para uma ou duas aulas é inaceitável, tanto por penalizar a criança e o jovem economicamente menos favorecidos e que não têm acesso à complementação de sua educação motora em clubes ou academias, quanto por prejudicar o desenvolvimento de um programa adequado às necessidades e expectativas dos escolares.

O segundo fato refere-se à regulamentação da profissão. Parabenizamos os profissionais de Educação Física pela conquista da regulamentação da profissão, reconhecendo o mérito daqueles que lideraram o longo processo. Ao enfatizarmos que esta é uma conquista de/para toda a nossa categoria, não podemos nos furtar a expressar uma certa dose de frustração, que ficou por conta da falta de uma discussão adequada de idéias e propostas quando da eleição do primeiro Conselho Federal de Educação Física. Oxalá tal lacuna seja preenchida para o processo de composição dos Conselhos Regionais de Educação Física.

Com este número da Motriz, o leitor poderá uma vez mais apreciar artigos de variadas sub-áreas e temas da Educação Física ou mesmo da relação com outras ciências passando pela Sociologia, biomecânica, avaliação, fisiologia, atividade física na empresa e tomar conhecimento de resumos dissertações e teses recentes. Nossos votos para que também este número da revista satisfaça seus interesses profissionais e científicos.

Finalizando, é um prazer convidar o(a) prezado(a) leitor(a) para juntar-se a todos nós, no período de 29 de abril a 2 de maio de 1999, durante a realização do I Congresso Internacional de Educação Física e Motricidade Humana e VII Simpósio Paulista de Educação Física, que apresenta como tema central Educação Física no Século XX: Faces e Fases, cuja programação está inserida neste volume da Motriz. Teremos muito prazer em vê-lo(a) neste evento.

Prof. Dr. SEBASTIÃO GOBBI

Chefe do Depto. de Educação Física

 

CIÊNCIA, CIÊNCIAS. AS REPRESENTAÇÕES NA EDUCAÇÃO FÍSICA TEXTO COMPLETO / FULL TEXT

Leila Marrach Basto de Albuquerque 

RESUMO

As transformações da ciência, ao longo da sua história, acarretaram transformações das visões sobre a sua natureza. Presentemente, não há univocidade, sobre o que é ciência. Este artigo procurou descrever as representações da ciência entre os professores universitários de Educação Física. Como campo de conhecimento, a Educação Física afigura-se objeto privilegiado, já que nela convivem profissionais formados em escolas e tradições diversas. Optou-se por uma amostra intencional de 3 professores ligados à área de humanas e 3 ligados na área de biológicas. Os dados foram coletados através de entrevistas e analisados a partir do referencial teórico da Sociologia da Ciência. Os resultados mostraram múltiplas representações da ciência, coerentes com a área de conhecimento dos dois grupos. Compartilham, contudo, os objetivos intervencionistas da ciência na implementação de uma prática mais adequada ou na solução dos seus problemas. Sendo esse um aspecto fundacional da Ciência da Motricidade Humana, é alimentado na universidade como legitimação social.

UNITERMOS: representação, Educação Física, Sociologia da Ciência.

 

VARIÁVEIS BIOMECÂNICAS ANALISADAS DURANTE O LEVANTAMENTO

MANUAL DE CARGA TEXTO COMPLETO / FULL TEXT

Mauro Gonçalves

RESUMO

A presente revisão tem como objetivo apresentar as muitas variáveis biomecânicas analisadas durante o levantamento manual de carga e que ainda continuam sendo preocupantes como fatores de sobrecarga e lesão nesta atividade considerada uma das atividades de vida diária mais realizadas, seja no trabalho, no esporte ou reabilitação. As lesões na coluna, resultantes de levantamentos de pesos, são responsáveis por quase 12% de todas lesões industriais e que 85% a 99% de todas as lesões graves na coluna, particularmente nos níveis de L4/L5 e L5/S1. Neste sentido, a literatura sumarizada fundamenta-se na análise de diversos fatores com bases fisiológicas, biomecânicas, psicofisicas e epidemiológicas como guia para o levantamento manual de carga. Alguns destes fatores são: posicionamento das articulações no início e durante o levantamento, como o tamanho, a forma e a quantidade da carga, a velocidade de execução do movimento, a altura em que a carga se encontra no início do levantamento, a presença ou não de suportes e os seus vários tipos, o uso de acessórios como o cinto de suporte lombar e a pressão intra-abdominal. Por último, e de extrema importância, são as regras para prevenção de lesões ocasionadas pelo levantamento manual de carga, que muitas vezes são de difícil aplicação, pois dependem do tamanho do indivíduo, forma, posição no espaço e dos hábitos daquele que levanta o peso.

UNITERMOS: Levantamento Manual de Carga, Biomecânica, Regras, Prevenção de Lesões

 

FATORES SÓCIO-ECONÔMICOS E OCUPACIONAIS E A PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA REGULAR: ESTUDO A

PARTIR DE POLÍCIAIS MILITARES EM BAURU, SÃO PAULO TEXTO COMPLETO / FULL TEXT

Henrique Luiz Monteiro, Aguinaldo Gonçalves, Carlos Roberto Padovani, José Luiz Fermino Neto

RESUMO

O binômio Saúde Coletiva - Atividade Física se relaciona diretamente com aspectos sócio-econômicos e ocupacionais. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho foi avaliar a influência de fatores sócio-econômicos e ocupacionais em grupos com diferentes níveis de atividade física. A população de estudo constituiu-se por 88 indivíduos do sexo masculino, com idade entre 20 e 30 anos, todos soldados da Polícia Militar em Bauru-SP. A estes foi submetido questionário que permitiu identificar três níveis de atividade física: ativos, intermediários e sedentários. Os três grupos formalizaram o estudo observacional do tipo retrospectivo na comparação das seguintes variáveis: i) sócio-econômicas - número de dependentes, tipo de residência e renda per capita; ii) ocupacionais - turno de trabalho, atividade complementar e tipo de ocupação. O teste de Goodman para contrastes entre e dentro de populações multinomiais foi utilizado para análise dos dados. Os sedentários apresentaram piores condições sócio-econômicas e maior carga de trabalho; apresentam maiores despesas com moradia (54%), têm renda per capita de até um salário mínimo (53%) e possuem mais dependentes. Os ativos não exercem outra atividade ocupacional (87%), vivem em casa própria (50%), não possuem dependentes (40%) e têm renda per capita superior a dois salários mínimos (83%).

UNITERMOS: Situação sócio-econômica, Atividade física e Ocupação profissional

 

EFEITOS DA CORRIDA EM PISTA OU DO DEEP WATER RUNNING NA TAXA DE REMOÇÃO DO LACTATO SANGÜÍNEO

DURANTE A RECUPERAÇÃO ATIVA APÓS EXERCÍCIOS DE ALTA INTENSIDADE TEXTO COMPLETO / FULL TEXT

Rodrigo Villar e Benedito Sérgio Denadai

RESUMO

O objetivo deste estudo foi comparar as taxas de remoção de lactato sangüíneo após exercício de alta intensidade, utilizando dois diferentes tipos de exercícios na recuperação ativa (corrida - C ou "Deep Water Running" - DWR) realizados na mesma intensidade relativa (limiar aeróbio - 2 mM). Foram realizados os seguintes testes: Corrida (C): 3 x 1200 metros em três intensidades diferentes de 170, 190 e 210 m/min com 15 minutos de intervalo entre os tiros. DWR: corrida estacionária na água utilizando um colete flutuador (Aquajogger), de 5 minutos com realização de três séries com intensidades referentes a freqüência cardíaca (FC) de 120, 140 e 160 bpm com intervalo de 15 minutos entre as séries. Após a realização de cada tiro foram realizadas coletas de sangue no 10, 30 e 50 minuto. Por interpolação linear foram calculadas as velocidades (C) e as FC (DWR) equivalentes a 2 mM (limiar aeróbio). Para a indução do acúmulo do lactato, foi utilizado o seguinte protocolo: 2 x 200 metros em velocidade máxima com 1 minuto de intervalo entre os tiros. Após este protocolo, foram utilizadas duas formas de recuperação: C - 15 min de corrida em pista na velocidade do Limiar Aeróbio. DWR: 15 min de corrida aquática, utilizando a freqüência cardíaca de Limiar Aeróbio. O tempo médio dos tiros de 200 m e a concentração de lactato no 10 minuto não foram diferentes entre a C e o DWR. Os valores médios do t ½ (min.) de remoção do lactato sanguíneo, foram significativamente menores após a C comparado ao DWR. Conclui-se que, quando C e DWR são realizados após exercícios de alta intensidade como recuperação ativa, utilizando a mesma intensidade relativa (Limiar aeróbio), a C possui um t ½ (min.) de remoção menor quando comparado ao DWR.

UNITERMOS: lactato, limiar aeróbio, recuperação ativa, corrida, deep water running.

 

 SEGURANÇA NA GINÁSTICA OLÍMPICA TEXTO COMPLETO / FULL TEXT

Myrian Nunomura

RESUMO

Na Ginástica Olímpica, o praticante desafia as leis da física, buscando o domínio do corpo nas mais variadas situações: em posições invertidas, em rotações, em diferentes alturas e equipamentos, utilizando diferentes partes do corpo, assumindo formas diferentes, etc. Este fato poderia levar alguns professores a considerarem a Ginástica Olímpica como uma atividade perigosa, desencorajando a sua prática em muitos ambientes. Porém, o risco de lesões e acidentes ocorre em qualquer forma de atividade física. Mais particularmente na Ginástica Olímpica, a causa de muitos acidentes é proveniente da falta de conhecimento e bom senso dos próprios professores e não da atividade em si. Por meio de uma orientação adequada aos alunos, associada ao bom senso e conhecimento, pode-se criar um ambiente seguro, sem prejudicar o prazer e a obtenção dos benefícios proporcionados pela prática da Ginástica Olímpica. Os principais fatores relacionados à segurança na Ginástica Olímpica serão apresentados neste artigo, destacando-se a importância do ensino das aterrissagens. Como muitos estudos têm revelado que a causa da maioria dos acidentes e lesões nesta atividade ocorrem em aterrissagens mal sucedidas, seria coerente enfatizar o seu aprendizado e domínio completo.

UNITERMOS: Segurança, Ginástica Olímpica, Aterrissagens.

 

ATIVIDADE FÍSICA NA EMPRESA: PARA ONDE VAMOS E O QUE QUEREMOS? TEXTO COMPLETO / FULL TEXT

Fabiano Pries Devide

RESUMO

A influência do exercício em esferas da saúde é reconhecida por médicos, professores de educação física, comunidade e até governos, o que tem contribuído para um aumento das campanhas de incentivo à prática, inclusive no ambiente de empresas. Baseado no referencial teórico da Promoção da Saúde, o estudo, um ponto de vista ensaístico, tem como objetivo discutir questões polêmicas sobre as funções desses programas de atividades físicas dentro das empresas. São abordadas questões conceituais sobre saúde e aptidão física, os aspectos interventores e motivadores para a aderência aos exercícios, os benefícios do exercício para a prevenção de hipocinesias e sua implantação em programas nas empresas. Percebendo a larga e crescente utilização de programas de atividades físicas em empresas, questionam-se: seus reais benefícios para a saúde em uma abordagem multifatorial e a forma como esses programas são utilizados questionando-se o seu real objetivo: a saúde do funcionário (sob o aspecto preventivo) ou o lucro para a empresa (aumento da produtividade, diminuição dos custos com saúde dos funcionários, absenteísmo etc.). Conclui-se que a atividade física na empresa é utilizada na busca da diminuição de acidentes e prevenção de doenças, assumindo a visão unicausal e ultrapassada de saúde (ausência de doenças). A Educação Física, nesse sentido, assume o papel de co-autora das relações de produção no momento em que participa ingenuamente da relação de exploração patrão-empregado, com objetivos de contenção de custos, aumento da produtividade e resultante lucro.

UNITERMOS: atividade física – empresas – programas

 

A EDUCAÇÃO DO CORPO E AS PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS: REICH,

BERTHERAT E ANTIGINÁSTICA TEXTO COMPLETO / FULL TEXT

Sara Quenzer Matthiesen

 

QUALIDADE DE VIDA DE PORTADORES DE DEFICIÊNCIA EM FUNÇÃO DO TIPO

DE ATIVIDADE FÍSICA PRATICADA TEXTO COMPLETO / FULL TEXT

Ivaldo Brandão Vieira

 

PERFIL IMUNOLÓGICO NA FAIXA ETÁRIA DE 15 A 22 ANOS EM FUNÇÃO DO NÍVEL DE

CONDICIONAMENTO AERÓBICO TEXTO COMPLETO / FULL TEXT

Marco Aurélio Dalfior