MOTRIZ - Revista de Educação Física - UNESP

Volume 4, Número 1, Junho/1998

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http://www.rc.unesp.br/ib/efisica/motriz/revista.htm


SUMÁRIO

 

ARTIGOS

TEORIA  DA EDUCAÇÃO FÍSICA

Formação Profissional em Educação Física: a relação teoria e prática........................................................................................................................... 01

Reginaldo Ghilardi

 

Preparação Profissional em Educação Física e Esporte: propostas dos Cursos de Graduação.............................................................................. 12

José Maria de Camargo Barros

 

MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA

Prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes no Município de Londrina (PR), Brasil..................................................... 18

Dartagnan Pinto Guedes  e  Joana Elisabete Ribeiro Pinto Guedes

 

EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

O tênis como alternativa no Currículo Escolar para crianças entre  8  e  12 anos...................................................................................................... 26

José Alberto Pinto  e  Flávio Henrique Gomes Cunha

 

DANÇA , ESPORTE, RECREAÇÃO E LAZER

Nível de condicionamento físico entre indivíduos que praticam  a ginástica aeróbica por satisfação

e  aqueles que a praticam por outros motivos ...................................................................................................................................................................... 35

Priscila Carneiro Valim   e  Catia Mary Volp

 

FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

Efeitos da atividade física sobre a concentração de histamina em átrios e ventrículos de ratos............................................................................ 38

Alexandre M. Miotto,  Ronaldo Vagner T. dos Santos, José Roberto M de Azevedo,

Renato Andreotti, Marília Mantovani S. Barros  e  Rui Errerias Maciel

 

FILOSOFIA E EDUCAÇÃO FÍSICA

Educação Física e a  Ciência, qual ciência ?........................................................................................................................................................................ 44

Wilson do Carmo Júnior

 

PONTO DE VISTA

Pontos, contrapontos e questões pertinentes à regulamentação do profissional de Educação Física................................................................ 52

Jorge Steinhilber

 

Ginástica Educacional ou Ginástica Olímpica................................................................................................................................................................... 65

Myrian Nunomura

 

RESUMOS DE DISSERTAÇÃO E TESE

Vivenciando a dança de salão na escola............................................................................................................................................................................... 69

Catia Mary Volp

 

CARTAS

5º Congresso Mundial de Lazer  e  Centro de Pesquisa e Estudos em Psicologia do Esporte............................................................................. 70

 

EDITORIAL

O presente editorial tem um sentido de missão cumprida. Mais uma vez um exemplar de qualidade indiscutível e que acontece por que no início de nossa gestão não limitamos esforços para que o Departamento de Educação Física mantivesse o apoio no custeio parcial desta Revista, pois apostamos que no final de nossa gestão, haveria um início de independência. A manutenção do rigor científico e da qualidade dos artigos apresentados nestes dois anos, foi motivo para o aumento do número de assinantes e consequentemente uma exigência menor do Departamento no custo e na ampla divulgação da produção científica sobre a Educação Física e a motricidade humana no Brasil e já sabemos, em outros países.

Neste volume a Educação Física será abordada com ênfase na formação profissional, tema sempre instigante e a regulamentação da profissão. Apresentam a questão do sobrepeso e a obesidade nas crianças. O tênis no currículo escolar, a ginástica aeróbica e o conhecimento físico. A relação atividade física e a concentração histamínica e coração, a Educação Física e a ciência.

Enfim, com este volume agradeço a você leitor por estar conosco e ter nos ajudado neste período de Chefia do Departamento de Educação Física a manter a chama do idealismo deste grupo que forma o conselho editorial, em divulgar uma Educação Física cada vez mais científica, e cuja aplicabilidade torna-se fundamentada em estudos metodologicamente bem estruturado.

Parabéns a Revista Motriz e seus conselheiros. Parabéns ao Departamento de Educação Física da UNESP Campus de Rio Claro por mais estes dois anos de sucesso e progresso e me particular na produção desta hoje considerada uma das mais continuadas na área.

Prof. Dr. MAURO GONÇALVES

Chefe do Depto. de Educação Física

 

FORMAÇÃO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO FÍSICA: A RELAÇÃO TEORIA E PRÁTICA TEXTO COMPLETO / FULL TEXT

Reginaldo Ghilard

RESUMO

A presente monografia teve por objetivo discutir a relação teoria e prática na formação profissional em Educação Física. É de fundamental importância para o crescimento da área, a elaboração de uma grade curricular mínima cujas disciplinas ofereçam um conjunto de conhecimento específico sobre a Educação Física, seja oriundo das pesquisas básicas ou aplicadas. Para alcançarmos este propósito é necessário, e as discussões apontam neste sentido, esclarecermos qual o conjunto de conhecimento é de competência do profissional de Educação Física dominar, para que sua atuação possa capacitá-lo no oferecimento de programas de atividade física à sociedade. Podemos observar conforme a literatura pesquisada, que os cursos de formação profissional nos moldes atuais não habilitam o profissional a atuar no mercado de trabalho, pois privilegiam a prática de habilidades motoras como um fim em si mesma através de disciplinas ligadas a modalidades esportivas. Um curso de formação profissional em Educação Física deve conter disciplinas que explicam, em diferentes níveis, o fenômeno Movimento Humano, suas implicações e adequabilidade para o indivíduo engajado em programas de atividade física. O profissional deve saber justificar suas atitudes profissionais através do conhecimento científico, que certamente não é produzido em função das vivência práticas. Embora não haja um consenso dentro da área acerca deste assunto, esperamos ter contribuído com estas discussões, para uma melhor compreensão da natureza da preparação profissional em Educação Física.

Unitermos: Educação Física, Preparação Profissional, Teoria e Prática, Desempenho Profissional

 

PREPARAÇÃO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE: PROPOSTAS

DOS CURSOS DE GRADUAÇÃO TEXTO COMPLETO / FULL TEXT

José Maria de Camargo Barros

RESUMO

A preparação profissional na área de Educação Física é o tema deste estudo. Seu principal objetivo foi o de conhecer, através da análise dos currículos, como as Instituições de Ensino Superior do Estado de São Paulo estão desenvolvendo seus cursos de Graduação em Educação Física, após a Resolução CFE 03/87. Foram analisados 23 currículos de instituições do Estado de São Paulo. Os dados coletados e analisados permitiram as seguintes conclusões: Considerando as possibilidades que a Resolução CFE 03/87 oferece, as instituições de Ensino Superior do Estado de São Paulo pouco fizeram para adequar os currículos dos cursos de graduação em Educação Física ao novo referencial proposto pelo parecer CFE 215/87 e aos novos perfis do mercado de trabalho. Cinco instituições oferecem curso de bacharelado em Educação Física e apenas uma oferece o curso de bacharelado em Esporte. A alteração dos currículos para atender as exigências da referida resolução, na maioria das instituições, foi em termos de aumento de carga horária sem contudo alterar significativamente a estrutura curricular. A licenciatura ainda continua sendo confundida com a preparação profissional para todas as possibilidades do mercado de trabalho. Os dados coletados possibilitam a afirmação de que as principais oportunidades no mercado de trabalho, não estão merecendo atenção dos estudiosos dos currículos. Assim, percebe-se a necessidade de adequação dos currículos de preparação profissional na área, para atender ao novo perfil do mercado. Um currículo com flexibilidade para atender aos principais perfis profissionais, parece ser o modelo desejável para a realidade do Estado de São Paulo.

UNITERMOS: Preparação Profissional; Mercado de Trabalho; Educação Física; Esporte; Currículo.

 

PREVALÊNCIA DE SOBREPESO E OBESIDADE EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES DO

MUNICÍPIO DE LONDRINA (PR), BRASIL TEXTO COMPLETO / FULL TEXT

Joana Elisabete Ribeiro Pinto Guedes e Dartagnan Pinto Guedes

RESUMO

O estudo analisa a prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes do município de Londrina (PR), Brasil. A amostra utilizada constituiu-se de 4.289 sujeitos de ambos os sexos e com idades entre 7 e 17 anos, selecionados aleatoriamente. A obesidade foi definida pela quantidade de gordura em relação ao peso corporal superior a 20% e 30% para rapazes e moças, respectivamente. Para as estimativas da gordura corporal recorreu-se às equações preditivas propostas por Slaughter et al. (1988), a partir dos valores de espessura das dobras cutâneas. O sobrepeso foi estabelecido a partir do 85º percentil do índice de massa corporal relativo à idade e ao sexo, com base no Health and Nutrition Examination Survey - HANES. Os resultados encontrados revelaram que a prevalência de obesidade foi discretamente maior que de sobrepeso, com tendências de elevação com a idade. As moças foram mais atingidas pelo excesso de gordura e de peso corporal que os rapazes, sobretudo no final da adolescência. Nesse período, por volta de 23% das moças e 17% dos rapazes analisados apresentaram quantidades de gordura corporal que caracterizam o estado de obesidade.

UNITERMOS: Sobrepeso; Obesidade; Crianças; Adolescentes.

 

O TÊNIS COMO ALTERNATIVA NO CURRÍCULO ESCOLAR PARA CRIANÇAS ENTRE 8 E 12 ANOS TEXTO COMPLETO / FULL TEXT

Flávio Henrique Gomes Cunha e José Alberto Pinto

RESUMO

O Guia curricular (1995) proposto pela Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais apresentou poucas alternativas de Atividades Esportivas como conteúdo nas aulas de Educação Física dos Ensinos Fundamental e Médio. O Tênis, a cada dia, vem ganhando mais adeptos e os interesses nessa modalidade vem aumentando em função da facilidade na compra de raquetes que chegam a custar metade do preço de calçados e a bolinha custando um real cada. Sendo uma atividade que também contribui no desenvolvimento social e motor da criança e que pode ser praticada durante toda a vida, principalmente como lazer, a escola passa ser o local adequado para oportunizar a todos a iniciação nesta atividade esportiva. Com isso, pretende-se neste estudo apresentar o Tênis como mais uma alternativa de atividade esportiva escolar.

UNITERMOS: Tênis, tênis infantil, tênis escolar.

 

NÍVEL DE CONDICIONAMENTO FÍSICO ENTRE INDIVÍDUOS QUE PRATICAM A GINÁSTICA AERÓBICA POR SATISFAÇÃO

 E AQUELES QUE A PRATICAM POR OUTROS MOTIVOS TEXTO COMPLETO / FULL TEXT

Catia Mary Volp e Priscila Carneiro Valim

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi comparar o nível de condicionamento físico entre sujeitos que praticam a ginástica aeróbica por satisfação e aqueles que a praticam por outros interesses. Para isso foi aplicado um questionário onde foram identificados os motivos ou interesses pelos quais o indivíduo se propõe a praticá-la. De acordo com as respostas os indivíduos foram divididos em dois grupos: a) os que praticam por satisfação e b) os que praticam por outros motivos. Ambos os grupos foram submetidos ao "Step test" para verificar o nível de condicionamento físico. Foi aplicado um pré-teste, na semana de início das atividades e um pós-teste, após três meses. Os dados foram comparados e, de maneira geral, os dois grupos melhoraram a condição física. Verificou-se no grupo b, especificamente aqueles que praticam com o objetivo de emagrecimento ou manter a forma, uma maior melhora se comparado ao grupo a. Através do questionário, foi constatado que a maioria das respostas do grupo que apresentou a maior melhora, concordaram ser a ginástica aeróbica a atividade que eles mais gostam. Concluiu-se que a intenção de determinados indivíduos em atingir um objetivo a mais, além do condicionamento físico (neste trabalho, emagrecer ou manter a forma), fez com que eles, praticando a mesma atividade, se empenhassem em alcançar, de alguma forma, tal objetivo, melhorando assim suas condições cardio-respiratórias.

UNITERMOS: condicionamento físico, satisfação, ginástica aeróbica.

 

EFEITOS DA ATIVIDADE FÍSICA SOBRE A CONCENTRAÇÃO DE HISTAMINA EM ÁTRIOS E

VENTRÍCULOS DE RATOS TEXTO COMPLETO / FULL TEXT

Rui Errerias Maciel, Marília Mantovani Sampaio Barros, Alexandre Marcucci Miotto, Ronaldo Vagner Thomatieli dos Santos, José Roberto Moreira de Azevedo, Renato Andreotti

RESUMO

Neste estudo investigou-se o efeito da atividade física crônica e aguda sobre o padrão de distribuição da histamina cardíaca atrial e ventricular, em ratos machos Wistar, com 90 dias de idade. O treinamento físico consistiu de 60 min diários de exercício agudo de natação individual, com sobrecarga realizado num recipiente a 31± 1°C. Após 45 dias de natação, foi administrada à metade dos animais, uma última etapa de exercício agudo e a seguir foram sacrificados a fim de proceder à coleta de amostras de sangue e de tecido cardíaco para efetuar as análises bioquímicas. Foram obtidos os seguintes resultados significativos (P< 0,05): I- menor concentração de lactato sangüíneo do grupo treinado exercitado agudamente; II- menor concentração de histamina ventricular no grupo treinado em repouso em relação ao sedentário em repouso; III- maior concentração histamínica atrial que a ventricular em todos os grupos. Concluiu-se que a diminuição do lactato indicou a eficácia do treinamento em produzir melhora na performance dos animais; que a redução histamínica ventricular nos animais treinados parece proteger o coração de seus possíveis efeitos arritmogênicos e que a sua maior concentração atrial em relação a ventricular demonstrou que o exercício físico não alterou o padrão de distribuição da histamina cardíaca.

UNITERMOS: Histamina cardíaca, Exercício físico, Átrio, Ventrículo, Rato, Lactato.

 

Educação Física e a ciência, qual ciência? TEXTO COMPLETO / FULL TEXT

Wilson do Carmo Júnior

RESUMO

Educação Física com ciência. Não é paráfrase evasiva, e sim, um discurso necessário. Reporta questões que inspiram questões. Estamos às margens de uma definição segura da identidade da Educação Física, firmamo-nos em valores instituídos pela ciência, porém não sustentamos o conceito de ciência na sua totalidade e pureza, e não justificamos tal conceito em relação a Educação Física, na realidade vivida. Os argumentos científicos carecem de argumentos filosóficos, artísticos entre outras possíveis linguagens que norteiam a realidade da relação corpo-movimento. Não podemos maquiar com pinceladas científicas os conhecimentos em Educação Física, se não fizermos uma rigorosa vistoria na antropologia sobre temas que fundaram o uso legítimo das práticas corporais. É preciso firmarmos num terreno onde seja semeado radicalmente uma Educação Física como ciência rigorosa. É necessário fazer Educação Física como se faz cultura geral.

UNITERMOS: Educação Física, ciência e cultura

 

PONTOS, CONTRAPONTOS E QUESTÕES PERTINENTES À REGULAMENTAÇÃO DO

PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA TEXTO COMPLETO / FULL TEXT

Jorge Steinhilber

RESUMO

A questão da regulamentação da profissão de Educação Física está em voga. Presente em quase todos os Congressos, Seminários e outros eventos além de salas de aula e debates nas Escolas de Educação Física. Tendo em vista as posições divulgadas pelo MOVIMENTO NACIONAL PELA REGULAMENTAÇÃO DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA nos folhetos distribuídos em praticamente todos os Estados e, algumas posições surgidas em oposição à aspiração da maioria dos profissionais, acrescido da participação em debate na Faculdade de Rio Claro onde ficou explicitado ser a regulamentação uma disputa de poder e de ideologia (com o que não compartilho), entendi por bem elaborar um ensaio que permitisse aos leitores analisar os dois lados da questão. A motivação deveu-se, também, ao fato de em alguns locais onde tenho proferido conferências, ser indagado das razões pelas quais colegas tenham interesse em lutar pela não regulamentação, impedindo sua aprovação na Câmara dos Deputados.

UNITERMOS: Educação Física Profissão

 

GINÁSTICA EDUCACIONAL OU GINÁSTICA OLÍMPICA TEXTO COMPLETO / FULL TEXT

Myrian Nunomura

RESUMO

Embora a Ginástica seja uma atividade muito difundida nas várias formas que ela pode assumir, ainda existe muita confusão com relação a duas delas. São elas a Ginástica Educacional e a Ginástica Olímpica. A primeiro instante, elas podem parecer iguais ou semelhantes, causando dúvida na hora de sua aplicação. Não é, no entanto, nenhuma crítica a uma ou outra forma, mas sim uma proposta de tornar um pouco mais clara a diferenciação que separa cada uma delas. Através de uma revisão da literatura, procurou-se elucidar o que cada uma tem como objetivo e conteúdo. A Ginástica Educacional(GE) está voltada para o processo, enquanto que a Ginástica Olímpica(GO) para o produto. A GE é considerada um fundamento básico que pode preparar os participantes aos movimentos avançados e à alta performance na GO. De acordo com os autores citados, a GE seria mais apropriada para as crianças menores, para o trabalho de iniciação, dirigida a todas as idades e capacidades. Isto porque ela desenvolve o domínio do corpo nas diferentes situações, tornando-o funcional e eficiente para as demandas do dia-a-dia. Contrariamente, a GO está dirigida a uma minoria, para aqueles com potencial e desejo de alcançarem a alta performance, seguindo as exigências rígidas deste esporte para a participação em competições oficiais. O intuito do estudo é o de ajudar os profissionais envolvidos em programas de ginástica a selecionarem o conteúdo e o objetivo que melhor atendam às necessidades e expectativas dos seus praticantes.

UNITERMOS: Ginástica Educacional; Ginástica Olímpica

 

Vivenciando a dança de salão na escola  TEXTO COMPLETO / FULL TEXT

Catia Mary Volp