MOTRIZ - Revista de Educação Física - UNESP

Volume 2, Número 1, Junho/1996

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SUMÁRIO

ARTIGOS

EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Sonhando com a magia dos Jogos Cooperativos na Escola...................................................................................................................... 1

Renata do Nascimento Chagua Cortez

 

CURRÍCULO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Novas  Perspectivas na Formação Profissional em Educação Física................................................................................................... 10

Mauro Betti & Irene C. Rangel Betti

 

As Disciplinas Humanísticas e o Currículo de Educação Física, segundo a percepção de alunos e docentes...................... 16

Lais Helena Malaco

 

FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

Análise de deslocamentos em partidas de Basquetebol e de Futebol de Campo:

estudo exploratório através da análise de séries temporais................................................................................................................. 20

Eduardo Kokubun, Renato Molina & Glydstone E. de Oliveira Ananias

 

Aplicações do limiar anaeróbio determinado em teste de campo para o ciclismo:

comparação com valores obtidos em laboratório................................................................................................................................... 26

Pedro Balikian Júnior & Benedito Sérgio Denadai

 

Efeito do treinamento físico sobre a resistência óssea......................................................................................................................... 32

Marcelo Renato Guerino, Mauro Gonçalves & Tomaz Puga Leivas

 

RELATO DE EXPERIÊNCIA

Escolinha de Futebol: uma questão pedagógica.................................................................................................................................. 36

Alcides José Scaglia

 

V SIMPÓSIO PAULISTA DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Comportamento Motor e Educação Física: as duas faces de Jano.................................................................................................... 43

Edson de Jesus Man

 

PONTO DE VISTA

Educação Física: Perspectivas e Tendências na Profissão............................................................................................................... 49

José Maria de Camargo Barros

 

RESENHA CRÍTICA

Educação Física e Saúde Antropológica: “O Mito da Atividade Física a Saúde”, de Yara Maria de Carvalho............... 53

Wilson do Carmo Júnior

 

RESUMOS DE DISSERTAÇÃO

Os padrões de coordenação na sequência de desenvolvimento do saltar à horizontal: uma visão dinâmica.................... 57

Maria Teresa Catuzzo

 

Treinamento Intervalado de corrida de velocidade:

efeitos da duração da pausa sobre o lactato sanguíeno e a cinemática da corrida..................................................................... 57

Monica Maria Viviani Brochado

 

CARTAS

Carta 1 ......................................................................................................................................................................................................... 58

Carta 2 ......................................................................................................................................................................................................... 58

EDITORIAL

A Educação Física vive momentos de definição. Transitam no Congresso nacional dois projetos de lei de nosso interesse: o que trata da regulamentação da profissão, e a Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que trará repercusões para a Educação Física Escolar. A comunidade acadêmica-profissional precisa interar-se dos acontecimentos e participar da discussão. Estamos publicando na seção "Cartas", correspondência do Prof. Jorge Steinhilber, um dos líderes do movimento pela regulamentação do trabalho dos profissionais de Educação Física e Dança, e o texto do substitutivo ao Projeto de Lei nº 330, de 1995, já aprovado na Comissão de Educação, Cultura e Desporto. No momento, o projeto encontra-se na Comissão de Trabalho e Administração da Câmara das Deputados.

Quanto à LDB, o projeto em tramitação não mais se refere a obrigatoriedade, mas a valorização da Educação Física no ensino básico. Durante duas décadas fomos beneficiários de determinações legais. Como resultado disso, hoje todos entendemos bem a diferença entre legalidade e legitimidade. A Educação Física só terá reconhecimento e espaço na sociedade quando a legalidade e a legitimidade forem as duas faces de uma só moeda.

A Revista Motriz contribui neste processo mediante a divulgação de conhecimentos científicos e filosóficos, debate e reflexão crítica.

Temos certeza que uma Educação Física fundamentada científica e filosoficamente, e comprometida com os interesses e necessidades da maioria da população brasileira é o ideal que temos em comum com os nossos leitores, que são muitos e espalhados por todo o Brasil. Somos hoje, com apenas um ano de existência, a segunda revista da área em número de assinaturas. Esta é uma conquista que compartilhamos com nossos leitores.

A COMISSÃO EDITORIAL

SONHANDO COM A MAGIA DOS JOGOS COOPERATIVOS NA ESCOLA

Renata do Nascimento Chagua Cortez

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Este estudo teve por objetivo analisar e refletir sobre o lúdico praticado atualmente na escola pública. A escola não valoriza os conhecimentos e vivências dos alunos e ressalta o ensino formal tornando a escola um espaço não atraente para o educando. Nesta escola o lúdico não é valorizado. Sua prática é individual reforçando essa característica da nossa sociedade. Para transformar essa realidade e tornar a escola num ambiente alegre, agradável de estar e aprender é necessário mudar nossa prática pedagógica utilizando os jogos cooperativos que ao propiciar atividades que valorizam as experiências, fantasias e desejos dos alunos criam oportunidades para seu desenvolvimento físico, moral, intelectual e emocional garantindo a formação de uma consciência social, crítica, criativa, solidária e democrática.

UNITERMOS: Ensino, Escola, Jogos Cooperativos e Sociabilização.

 

NOVAS PERSPECTIVAS NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO FÍSICA

Irene C. Rangel Betti e Mauro Betti

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O objetivo deste artigo é caracterizar os principais tipos de modelos curriculares utilizados na formação profissional em Educação Física e propor um novo, baseado no ensino reflexivo. São apresentadas e discutidas as principais críticas e limitações dos modelos de currículo tradicional-esportivo e de orientação técnico-científica. O modelo denominado prático-reflexivo é abordado do ponto de vista da Pedagogia e da Educação Física. Como resultado são apresentadas sugestões para a implantação deste modelo na formação profissional em Educação Física, a partir dos seguintes tópicos: a) prática como eixo do currículo; b) utilização do conhecimento de profissionais experientes; c) experiências de socialização dos graduandos; d) relação dialética entre teoria e prática; e) concepção ampliada de currículo; f) currículo temático; g) supervisão.

UNITERMOS: Educação Física, currículo, prática reflexiva

 

AS DISCIPLINAS HUMANÍSTICAS E O CURRÍCULO DE EDUCAÇÃO FÍSICA, SEGUNDO A PERCEPÇÃO DE ALUNOS E DOCENTES

Lais Helena Malaco

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O objetivo deste trabalho foi conhecer a percepção de alunos e docentes sobre as disciplinas humanísticas e o currículo de Educação Física. O curso de Licenciatura em Educação Física da Faculdade escolhida, com início em 1989, na vigência da nova legislação que regulamenta os cursos de graduação em Educação Física (Par. Nº 215/87 e a Res. CFE Nº 3/87). Analisando os vários aspectos mencionados pelos discentes e docentes, em conformidade com a legislação e o currículo da Instituição estudada, concluiu-se que estas disciplinas contribuíram para a formação do professor de Educação Física, sendo preciso, porém, uma revisão da disposição dessas disciplinas no currículo, do conteúdo programático, levando em conta o perfil profissiográfico delimitado pela Faculdade e incrementar a interdisciplinaridade.

 

ANÁLISE DE DESLOCAMENTOS EM PARTIDAS DE BASQUETEBOL E DE FUTEBOL DE CAMPO: Estudo exploratório através da análise de séries temporais

Eduardo Kokubun, Renato Molina, Glydstone E. de Oliveira Ananias

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Durações e intensidades de períodos de esforço e de pausa são importantes determinantes da demanda fisiológica no exercício. As técnicas de análise dos deslocamentos em esportes com bola, apesar de serem objeto de muitas investigações, não tem conseguido refletir apropriadamente o padrão de intermitência da atividade. Neste estudo, a velocidade de deslocamentos de uma equipe de basquetebol e outra de futebol de campo foi analisada através de séries de Fourier. As velocidades instantâneas de deslocamentos (Vt) em cada segundo (t) da partida foram determinadas através de videografia e análise em computador. Foram calculadas, dentre outras variáveis, o desvio padrão e a média móvel em 60 s (VMt) da Vt , a correlação de Pearson entre a VMt e t. Foi também calculado o periodograma da Vt através da transformada rápida de Fourier normalizado para o número de observações em partida (amplitude da velocidade na késima frequência: AVk). O desvio padrão da Vt foi maior no basquetebol, o r foi negativo e significativamente menor no futebol. A análise da VMt indicou um padrão periódico em ambas partidas. O exame da AVk mostrou que no basquetebol havia periodicidade nos deslocamentos em ciclos de 12, 26 e 96 s e no futebol de 140, 209 e 1037s. Conjuntamente esses resultados indicam que: a) o basquetebol apresenta maior intermitência do que o futebol com durações de esforços mais curtos; b) no futebol há tendência à diminuição da velocidade de deslocamento na partida; c) os deslocamentos nos dois tipos de partida apresentam flutuações não periódicas compatíveis com a característica da modalidade e d) a técnica de análise de séries temporais pode ser uma ferramenta útil para a descrições de deslocamentos em partida.

UNITERMOS: velocidade de deslocamento em partida; séries de Fourier; basquetebol; futebol de campo.

 

APLICAÇÕES DO LIMIAR ANAERÓBIO DETERMINADO EM TESTE DE CAMPO PARA O CICLISMO: COMPARAÇÃO COM VALORES OBTIDOS EM LABORATÓRIO

Pedro Balikian Júnior, Benedito Sérgio Denadai

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Os objetivos deste estudo foram: 1) Verificar a confiança de um protocolo elaborado para determinar a freqüência cardíaca (FC) e a velocidade correspondentes ao LAn (4mM de lactato sanguíneo), em teste de campo para ciclismo. Este protocolo foi constituído por 3x2400 m, respectivamente a 85, 90 e 95 % da velocidade máxima para a distância, com 20 min. de intervalo entre os tiros. Ao final de cada tiro foram coletados a FC e após 1, 3 e 5 min., foram coletados do lóbulo da orelha, sem hiperemia, 25 m l de sangue para a medição do lactato sangüíneo (T1); 2) Verificar a correlação entre o LAn, determinado a partir de teste contínuo-progressivo de laboratório (T2) e T1 com a performance em uma prova de ciclismo de 40 km contra-relógio (CR). 3) Verificar a sensibilidade e a correlação de T1 e T2 em avaliar os efeitos do treinamento aeróbio, realizado durante 12 semanas. A amostra foi composta por 12 ciclistas do sexo masculino (21,2 + 2,1 anos; 1,70 + 0,1 m; 59,8 + 2,9 kg). O teste e reteste apresentou correlação significante (r = 0,91; r = 0,95) respectivamente para a FC e a velocidade de LAn. A velocidade (r=0,96) e a carga (r=0,82) equivalentes ao LAn foram significantemente correlacionados com a velocidade média durante a prova CR. Na condição pós-treinamento, tanto a velocidade como a carga equivalentes ao LAn, foram significativamente maiores do que na condição pré-treinamento. Em conclusão, estes resultados sugerem que o LAn determinado em teste de campo, é um índice de referência que pode ser utilizado para: 1) prever a performance em provas de contra-relógio no ciclismo; 2) determinar os efeitos do treinamento aeróbio em ciclistas.

Unitermos: limiar anaeróbio; ciclismo ; especificidade ; treinamento.

 

EFEITO DO TREINAMENTO FÍSICO SOBRE A RESISTÊNCIA ÓSSEA

Marcelo Renato Guerrino, Mauro Gonçalves, Tomaz Puga Leivas

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A intensão deste estudo foi analisar os efeitos do treinamento físico sobre a resistência meânica óssea a esforços deformantes em tíbia de ratos. O processo de treinamento físico consitiu de natação 1 h por dia com carga de 5% do peso corporal por 30 dias. Foram realizados as seguintes análises: glicogênio muscular (gastrocnêmio), resistência máxima, flexa de ruptura e rigidez média. Verificamos que o tipo de atividade física realizada nesse estudo provocou aumento no glicogênio muscular e elevou a resistência e a rigidez óssea após 30 dias de treinamento.

UNITERMOS - treinamento físico, resistência mecânica.

 

ESCOLINHA DE FUTEBOL: UMA QUESTÃO PEDAGÓGICA

Alcides José Scaglia

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O objetivo deste relato é, além de apresentar as experiências da escolinha de futebol da UNICAMP, divulgar um estudo teórico-prático na linha da pedagogia de esportes, que ressalta as questões pedagógicas inseridas num processo de ensino-aprendizagem na iniciação esportiva, mais especificamente em relação à iniciação no futebol. São relatados neste estudo: os princípios pedagógicos, a metodologia, a organização e sistematização dos conteúdos da escolinha de futebol, e, em síntese, propõe-se uma nova pedagogia para o ensino do futebol. Procura-se, também, levantar uma discussão a respeito de qual seria a função das escolinhas de iniciação esportiva. Para isto são trazidos à luz da compreensão as idéias de alguns autores que acreditam que as funções das escolinhas de esportes(futebol) se materializam por meio de uma prática pedagógica, preocupada com um desenvolvimento global de seus alunos,respeitando os seus estágios de crescimento e desenvolvimento, físico e cognitivo, e onde por meio de sua práxis pedagógica transmita muito mais do que o aprendizado de gestos técnico-esportivos.

 

COMPORTAMENTO MOTOR E EDUCAÇÃO FÍSICA: As duas faces de Jano

Edison de J. Manoel

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A discussão do papel das áreas de pesquisa na profissão da Educação Física deve considerar necessariamente o processo de caracterização acadê-mica da área. Nos últimos anos, várias tem sido as críticas ao modelo original de disciplina acadêmica da Educação Física. As diferenças entre as áreas de estudo do Movimento Humano e da Educação Física foram apontadas e ressaltadas em detrimento das possíveis similaridades e relações entre elas. Há mesmo a proposta de abandono por completo do modelo de disciplina acadêmica em favor de um fortalecimento da profissão. Um dos pontos impor-tantes sobre a natureza de uma profissão é o de que ela é dependente não só de conhecimentos mas tam-bém da geração de novos conhecimentos, ou seja, a profissão pode ser entendida como um sistema aberto. As concepções sobre a profissão defendidas pelos críticos do modelo de disciplina acadêmica delineam um quadro extremamente passivo da educação física em termos da dinâmica de produção de conhecimentos. De fato, ela é vista como um sistema fechado, ou melhor aberto a energia mas fechado a informação. A ordem é vista como sendo imposta de fora para dentro. O nosso propósito no presente trabalho é o de defender a Educação Física como um sistema aberto. Conseqüentemente demonstrar a inviabilidade de separar sua natureza profissional de sua natureza acadêmica. De um ponto de vista sistêmico, há a necessidade de uma maior integração entre as pesquisas básica, aplicada e tecnológica. As pesquisas básicas necessitam também ser complementadas com pesquisas de natureza integrativa onde os conhe-cimentos básicos sejam testados em situações mais complexas. Com o intuito de tornar mais clara essa concepção qualificamos o objeto de estudo da educação física como Atividade Motora, entendida como um conjunto de atos intencionalmente organi-zados para um fim, o de melhorar a própria capaci-dade para movimento. Nesse caso, o movimento é um fim em si mesmo. Embora relacionadas a Cinesiologia e a Educação Física tem propósitos distintos. A partir desse reconhecimento, é necessário que centros de pesquisa sejam estruturados de forma a abranger o espectro que vai da pesquisa básica até a pesquisa tecnológica. Algumas alternativas são apresentadas baseadas em estudos do comportamento motor humano.

 

Educação Física: Perspectivas e tendências na profissão TEXTO COMPLETO / FULL TEXT

José Maria de Camargo Barros

 

Educação Física é Saúde Antropológica: “O Mito da Atividade Física a Saúde”,

de Yara Maria de Carvalho TEXTO COMPLETO / FULL TEXT

Wilson do Carmo Júnior

 

OS PADRÕES DE COORDENAÇÃO NA SEQUÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO DO SALTAR À

HORIZONTAL: UMA VISÃO DINÃMICA TEXTO COMPLETO / FULL TEXT

Maria Tereza Catuzzo

 

TREINAMENTO INTERVALADO DE CORRIDA DE VELOCIDADE: EFEITOS DA DURAÇÃO DA PAUSA SOBRE O LACTATO SANGUÍNEO E A CINEMÁTICA DA CORRIDA TEXTO COMPLETO / FULL TEXT

Monica Maria Viviani Brochado