Jornal Biosferas

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ED. ESPECIAL 2013: Divulgação Científica e Extensão




Preserve o planeta Terra reciclando

“Tão importante quanto semear flores, é semear ideias. Fale com outras pessoas sobre a importância de cuidar do planeta. Você estará contribuindo para o florescimento de uma ótima causa.” [Deivison Cavalcante Pedroza] Eventos meteorológicos extremos, perdas da biodiversidade, aumento no nível dos gases do efeito estufa. Assim, em face desta degradação que ocorre em vários âmbitos, questiona-se por que as pessoas, de modo geral, são tão resistentes às mudanças comportamentais que levem à proteção do meio ambiente. Segundo estudos em psicologia social, mesmo dados científicos que demonstrem que suas práticas cotidianas são prejudiciais e uma alusão ao risco não são suficientes para levar a uma mudança de atitudes, pois são fatos recebidos e interpretados como referentes ao outro.

Por outro lado, a sensibilização à degradação ambiental parece ser particularmente forte imediatamente após eventos catastróficos e dolorosos, como os derramamentos de petróleo e os acidentes nucleares ou com resíduos tóxicos, que provocam vítimas e danos visíveis. O resultado tem sido uma certa ação – ou reação? – na medida em que se consegue tanto delimitar a magnitude do problema, como identificar com clareza os sujeitos causadores e atingidos. Assim, podemos observar, historicamente, o despertar de uma consciência ecológica como uma nova forma de compreender as relações entre os homens e destes com seu ambiente, de constatar a indivisibilidade entre sociedade e natureza; além de perceber a indispensabilidade desta para a vida humana, justamente após a Segunda Guerra Mundial.

Mais recentemente, convivemos com a moda do “luxo do lixo”, que consiste em consumir de maneira consciente, valorizando produtos reciclados ou “eco-sustentáveis”. Por este e outros motivos, podemos afirmar que a consciência ecológica avançou bastante, embora ainda não seja o suficiente para conter o crescente ritmo de degradação socioambiental.

Neste sentido, a Universidade vem a ser, por meio da aproximação entre técnicos, cientistas e educadores, uma grande fonte de recursos humanos, de agentes transformadores; e a educação, um elemento chave no processo de construção de uma sociedade sustentável.

O primeiro desafio consiste, propriamente, em materializar ideias e teorias em práticas cotidianas ecologicamente orientadas, como aquelas promovidas pelo projeto de extensão “Preserve o Planeta Terra” que incentiva a sustentabilidade e responsabilidade ambiental, além de contribuir para a formação de crianças, que, muitas vezes, não têm garantidos os seus direitos às condições básicas para terem uma vida digna.

Este projeto, que teve início em 2004, atuava num bairro de periferia da cidade de Rio Claro - SP, atendendo a crianças entre 6 e 13 anos. O objetivo inicial era minimizar a questão do crescente aumento dos resíduos sólidos, por meio da montagem de uma oficina de reciclagem de papel, que também geraria renda para a comunidade.

Nos anos de 2009 e 2010, o grupo se dividia em duas turmas: a primeira tinha enfoque nas crianças que nunca haviam participado do projeto e os conteúdos eram focados referenciando-se à água (primeiro semestre) e ao lixo (segundo semestre). O segundo grupo ou turma de aprofundamento trabalhou questões ligadas à melhoria de vida do bairro, como asfalto, acúmulo de lixo e outros. Os alunos realizaram campanhas com panfletos, teatros, abaixo-assinados e visita ao prefeito a fim de levar as necessidades da população daquela região aos órgãos públicos. No ano de 2011, trabalhou-se educação ambiental partindo da perspectiva micro (o bairro, a cidade, o Estado) para a perspectiva macro (o Brasil, o Mundo mediante as diferentes coletividades existentes no país: ribeirinhos, índios, sertanejos e outros), as tradições da cultura nacional e as festas populares. O objetivo dessas atividades era valorizar a cultura do Brasil e identificar alternativas de organizações sociais, convivência com o meio e valorizá-lo.

Também a partir do ano de 2010 e durante o ano de 2011, o tema da sexualidade passou a fazer parte do planejamento do grupo.

O projeto também fez várias saídas de campo, indo visitar o aterro sanitário da cidade, a usina Corumbataí, o teatro, o cinema, a UNESP, a Usina “Fribase” de Celulose e Papel da cidade de Piracicaba entre outros locais.

Atualmente, o foco passou a ser escolas onde esses assuntos são pouco abordados, ou escolas onde a comunidade do entorno poderia ser mais beneficiada com esse projeto. Desta forma, a atuação ocorreu na escola E.M. Prof. Armando Grisi, no Jardim Paulista II no ano passado e este ano teve início na escola E.M. Prof. Elpidio Mina, no bairro Bela Vista, ao lado da Unesp.

As atividades são rea-lizadas em salas de aula todas as terças-feiras, de manhã e à tarde. Para a organização das mesmas, são feitas reuniões às quintas-feiras, às 18 horas, no departamento de Bioquímica.

Ao final de cada trabalho, é possível o desenvolvimento de uma consciência quanto às questões ambientais e relações pessoais, e de um senso questionador acerca desse tema, auxiliando as crianças num melhor entendimento do ambiente em que estão inseridas. Assim, a educação ambiental se revelou um meio de aquisição de novos valores, conceitos e atitudes, além de uma prática transformadora das relações com o ambiente.

Maria Paula Mancini Coelho, Jornal Biosferas







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