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ARTIGOS: Botânica, fisiologia, feijão




A importância dos cotilédones para o feijão

Ele faz parte de histórias infantis: é mágico, crescendo até as alturas. Também integra um prato tipicamente brasileiro, que leva paio, carne seca, calabresa e outras iguarias gastronômicas. Não podemos esquecer que ele é sempre recomendado por nutricionistas para acompanhar o arroz, pois é fonte de proteínas, ferro, potássio e vitaminas do complexo B. Sabe de quem estamos falando? É do feijão.

Em 2006, esta semente foi até utilizada em experimentos pelo astronauta brasileiro Marcos Pontes, numa missão no espaço. Na ocasião, Pontes, após a seleção de dois experimentos educacionais pela Agência Espacial Brasileira, plantou feijão no algodão - e assim o crescimento deles, sem gravidade, pode ser comparado com o mesmo experimento feito por alunos de Ensino Fundamental (só que com gravidade).

Já em 2012, outro experimento com feijão foi executado. Desta vez, não envolveu agências espaciais, muito menos astronautas (embora muitos tivessem cabeça na lua). Executado na disciplina de Fisiologia Vegetal, do Campus de Ciências Agrárias da UFSCar de Araras, o objetivo foi analisar de que forma os cotilédones, ou seja, aquelas pequenas estruturas fixas na plântula (nome que se dá ao "feijão recém-nascido"), são importantes no crescimento.

No experimento foram utilizadas sementes de feijão-de-porco (Canavalia ensiformes), plantadas em vasos com terra e divididas em dois grupos: um deles teria seus cotilédones retirados após 15 dias e o outro cresceria sem interferência, com seu cotilédone caindo naturalmente.

Para entender melhor, é bom saber que a semente do feijão conta com três componentes: revestimento, tecido de reserva e eixo embrionário. O revestimento (que é a casquinha do feijão) une as partes internas da semente, fornece proteção mecânica contra atritos, microrganismos e insetos. Também regula o processo de germinação, entrada de água e oxigênio, fazendo com que a semente permaneça em dormência e germine apenas em condições propícias. Já o tecido de reserva (que é o futuro cotilédone) serve de suprimento nutritivo para o eixo embrionário, que por sua vez dará origem ao pé de feijão. Brotamento de milho e feijão

Com o experimento realizado, foi possível identificar a importância do cotilédone no desenvolvimento da plântula. No grupo em que o cotilédone analisado caiu naturalmente, sem interferências, observou-se que a massa seca dele, após pesagem, foi de 0,11 gramas. Já o cotilédone retirado após 15 dias, a massa do material seco foi de 0,17 gramas. Verifica-se assim que os cotilédones retirados aos 15 dias continham uma grande quantidade de reserva energética que, caso não fosse retirada, poderia ser utilizada pela plântula para seu desenvolvimento/crescimento.

Isto demonstra que cotilédones são fontes de reserva de nutrientes, que vão atuar para o desenvolvimento do embrião. Nesta observação, o cotilédone retirado tinha maior massa, pois continha mais reservas. Já o outro teve massa menor, pois suas reservas foram utilizadas pela plântula. Outra parte da experiência consistiu em verificar a diferença entre a massa seca das duas plântulas. A plântula cujo cotilédone caiu de forma natural, sua massa seca foi de 1,4 gramas, enquanto que a plântula cujo cotilédone foi retirado aos 15 dias, a massa encontrada foi de 1,38 gramas. Esta é mais uma forma de demonstrar que a presença desta estrutura beneficia o desenvolvimento da plântula e que sua retirada ocasiona uma diminuição da reserva de nutrientes disponíveis.

A plântula, desta forma, como não conta com a reserva do cotilédone, deve produzir sua energia apenas por meio do processo de fotossíntese. A outra plântula que utilizou toda a reserva do cotilédone teve maior massa. Além dela utilizar a energia da fotossíntese, incrementou sua fonte energética com os nutrientes do cotilédone.

Por isso, quando for plantar sementes de feijão no algodão, preste atenção: não retire os cotilédones dela. Assim, como na história de João e o Pé de Feijão, aumenta suas chances de ter um feijoeiro mais vistoso e que poderá servir de base para uma bela feijoada.

Referências Bibliográficas:

UFSM – UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA. A semente e sua germinação. Disponível em: http://www.ufsm.br/sementes/germinar.htm

SEPROTEC. Feijão de porco. Disponível em: http://www.seprotec.com.br/produtos_cobertura_feijaop.asp
NOGUEIRA, S. Marcos Pontes. Planta feijão para crianças. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u14356.shtml

Bruna Gonçalves, Juliano Schiavo, Mariana Barrotti da Silva, Matheus Siqueira, Nícolas Alberto Polizelli Ricci, Ana Lúcia Seghessi Albino







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