Jornal Biosferas

Brand


ARTIGOS: Biotecnologia




Transgênicos na alimentação

A economia mundial do século XX permitiu o avanço considerável das aplicações da Biotecnologia nas subáreas da Agropecuária. O Governo Federal e Estadual brasileiros, com o intuito de tornar o Brasil mais competitivo frente a esse avanço mundial, criaram órgãos de apoio à pesquisa, como o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), na década de 1950, e a EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), na década de 1970.

Dentre as aplicações da Biotecnologia, destacam-se os OGMs (Organismos Geneticamente Modificados), possibilitados a partir do advento da transgenia: um gene que desempenha função importante em determinado organismo, é transferido para o genoma de outro que, então, desempenhará função que não ocorreria naturalmente.

Avanços nunca imaginados permitem hoje a utilização desta técnica em melhoramentos de animais, plantas ou microrganismos. Técnicas revolucionárias, como esta, causam impacto e dividem o pensamento de autoridades e a opinião pública: alguns transgênicos merecem aprovação, pelos benefícios que trazem, outros são prejudiciais e devem ser banidos.

Para avaliarmos os aspectos positivos dos alimentos transgênicos, devemos analisar exemplos já utilizados. A soja transgênica recebeu um gene de uma bactéria do solo, Agrobacterium, para permitir sua resistência a uma substância, o glifosato; o milho recebeu um gene que lhe conferiu resistência a insetos, no campo. Como nenhuma dessas culturas, modificadas geneticamente, causou danos a animais ou pessoas que delas se alimentaram, até o momento, eis um uso positivo da técnica de “DNA recombinante”.

A resistência a pragas diminui o uso de agrotóxicos e as perdas no campo; a melhor adaptação às condições do campo evita o consumo excessivo de água (plantas mais resistentes à seca); e o aumento do valor nutricional aumenta a qualidade do produto final (alimentos mais nutritivos). Considerando estes alimentos muito mais produtivos, uma menor área de cultivo é necessária, auxiliando também na preservação de recursos naturais.

Apesar de todas essas vantagens, devemos atentar para os aspectos negativos dos alimentos transgênicos. A polinização de plantas transgênicas com espécies selvagens nativas, no campo, é criticada pela possibilidade de diminuir a biodiversidade. Outra crítica a esta polinização cruzada é a chamada tecnologia Terminator: ela induz à produção de pólen inviável, em culturas transgênicas, a fim de evitar o cruzamento entre espécies nativas e transgênicas. A crítica, neste caso, é sócio-econômica: o cruzamento inviável faz com que os agricultores, que não podem propagar a cultura, tenham que comprar sementes a cada temporada (produtor de sementes aumenta seu lucro e o agricultor aumenta seu gasto com compra de sementes). Outro fator de destaque é o impacto dos transgênicos na natureza, devido ao aparecimento de super-pragas. A quantidade exagerada de veneno pode, teoricamente, criar ervas - daninhas e insetos extremamente mais resistentes e que não poderiam ser combatidos pelos defensivos agrícolas comuns. A partir do aparecimento de organismos com maiores aptidões, poderia haver uma contaminação genética, provocando assim o risco de extinção de variedades endêmicas ou silvestres.

É importante ressaltar que estes impactos à saúde humana ou ao ambiente não tem embasamento científico suficiente, não havendo também regulamentação única para comércio e utilização dos transgênicos no planeta. Os efeitos do uso de transgênicos podem ser intencionais e não-intencionais, ou seja, aqueles que eram previstos pelo cientista que o produziu, como o aumento nutricional de determinada vitamina, e aqueles não previstos, como a toxicidade devido à outra substância produzida, respectivamente.

Possíveis riscos à saúde, como reações alérgicas, nos questionam quanto à precisão dessas alterações genéticas. A possibilidade de transferência do DNA destes alimentos para bactérias presentes no trato digestivo traz dúvidas sobre o possível aumento na resistência destes microrganismos a antibióticos. Sem considerarmos as dúvidas quanto aos testes feitos com transgênicos, antes que os mesmos sejam aprovados e lançados ao mercado: são eles eficazes?

A EU (União Europeia), Nova Zelândia e Austrália obrigam a rotulagem (identificação do produto) se o alimento possui a partir de 1% de sua composição de origem transgênica; no Japão, 5%. Nos EUA, não há rotulagem, pois eles alegam que o produto transgênico tem a mesma composição do produto não-transgênico. No Brasil, o produtor deve informar se o alimento é de origem transgênica, qual a espécie forneceu o gene que modifica o genoma do produto e, se for de origem animal, deve ser informado se o mesmo foi alimentado com ração transgênica.

Pesquisas mostram a crescente busca do consumidor e do fornecedor pelo conhecimento da origem dos alimentos, o que favorece a rotulagem e a criação de uma legislação a ela favorável. Somente conhecendo a tecnologia do “DNA recombinante” e sabendo o que estão consumindo, poderá possível exercer a liberdade de escolha e se posicionar a favor ou contra os tão polêmicos alimentos transgênicos.

Franciele Lima de Oliveira, Natália Sozza Bernardi, Natália de Oliveira Marin, Renato Augusto Corrêa dos Santos – Segundo ano de Ciências Biológicas







Nos encontre nas redes sociais: